10 de set. de 2010

Luiz Rocha



  • ENTREVISTA COM O GAITISTA BLUSEIRO LUIZ ROCHA

(LUCAS BERTOLUCCI E LUIZ ROCHA)



(LUIZ ROCHA & BANDA - ATÉ ONTEM)
LUIZ ROCHA É O NOME, ATUALMENTE, EM GAITA E EM BLUES EM SALVADOR, COM SEU TALENTO NATO, ELE VEM CONSEGUINDO CHAMAR ATENÇÃO DO PÚBLICO E DA MÍDIA E, PRINCIPALMENTE, VEM CONSEGUINDO SEU ESPAÇO NUMA CIDADE ONDE O AXÉ É O PRINCIPAL MEIO DE GANHAR NA MÚSICA.
ESPERO QUE VOCÊS CURTAM A ENTREVISTA, ELE FALA DE SUA CARREIRA, SEU DISCO NOVO, INFLUÊNCIAS... ETC
AQUI, NA MIB, VOCÊ TEM O SERVIÇO COMPLETO, POIS DISPONIBILIZAMOS LINKS DE AUDIO E VÍDEO.

VAMOS A ENTREVISTA:

1 - Lucas Bertolucci: Como você conheceu a gaita e quando começou a tocá-la profissionalmente?
Luiz Rocha - Em 1999, iniciei as minhas primeiras experiências de palco tocando violão e segunda voz num duo acústico de música country americana (minha primeira influência musical). Minha verdadeira paixão pela Harmônica veio mesmo em 2001, ao ouvir a canção "Walkin' With Snooky", primeira faixa do CD Interview With Antone's Blues, (Editora Azul). Foi nesse gênero que encontrei minha inspiração para tocar "gaita" e comecei a me aventurar tocando solos numa música ou outra, sem pretensão de estudar o instrumento, até que, em algum momento, troquei as cordas pelo sopro e me chamei de "gaitista" pela primeira vez em 2004, apesar de muitos já me chamarem assim dois ou três anos antes.

2 - Lucas Bertolucci: Quais as influências que te levaram a tocar e cantar blues?
Luiz Rocha - Poxa, fico lisonjeado ao ser reconhecido por "tocar e cantar blues", gênero musical pelo qual me apaixonei em 2002, quando me emprestaram alguns cd´s do Blues Etílicos (banda do gênero de maior destaque no Brasil), com Flávio Guimarães na gaita (um dos mais conceituados gaitistas do país). Isso me instigou bastante a sair na noite e procurar bandas de blues pela capital. Foi assim que conheci a 220Volts, que tocava um repertório elétrico e bem "pra frente", no antigo bar Café Calypso, no Rio Vermelho. Havia um gaitista na banda chamado Yberê Camargo que foi o primeiro gaitista de blues que eu vi tocar. Foi ele quem me mostrou os sons do Little Walter (um dos mais importantes gaitistas do gênero nos EUA, na década de 40) e me ensinou alguns truques, como eletrificar o som da gaita tocando com amplificadores e microfones específicos. Desde então, passei a estudar e pesquisar outros gaitistas e, em 2003, conheci o carioca Jefferson Gonçalves, que viria a ser de fundamental importância na minha formação gaitística. Sem dúvida, ele é uma grande influência.
Até hoje me aventuro a tocar o blues (risos), que compõe 60% do meu repertório e sempre que posso me envolvo em eventos do gênero, porém, não me julgo um blueseiro conservador, muito menos um "Bluesman". A harmônica revelou seu potencial sonoro destacando-se durante anos nesta música que, incontestavelmente, é a base da música americana. Por isso, muitos acham que "tocar gaita" é sinônimo de "tocar blues" e a maioria das pessoas termina por me enxergar como um artista do gênero. Acabo de lançar meu primeiro álbum solo intitulado "Pise Fundo". Quem já ouviu sabe que o blues é uma forte influência sim, mas não define o meu trabalho. Costumo dizer que minha música "tem o Blues".


Acesse minha página no Balcão do músico e ouça algumas faixas do álbum "Pise Fundo".


(LUIZ ROCHA - O TREM)

3 - Lucas Bertolucci: Antes de fazer carreira solo você tocava com Paulo Raio, como foi essa experiência?
Luiz Rocha - Conheci Paulo Raio (indiscutivelmente, a referência da música country e sertaneja na Bahia), no ano de 2000. Durante anos, foi viajando e tocando com ele que adquiri mais experiência de palco e inseri cada vez mais a pequena gaitinha num contexto musical diferenciado. Mesclávamos minhas influências do country music (Alan Jackson, Garth Brooks, George Straght) com os heróis dele (Renato Teixeira, Almir Sáter e Sérgio Reis). Assim, o nosso som funcionava bastante, pois era a fusão da música caipira brasileira e americana, ora acústica, ora com banda. Viajamos por muitas cidades (dentro e fora do estado) e nos destacamos até mesmo em Barretos/SP, em 2001, quando fomos juntos para a maior festa do peão de boiadeiro do país e tocamos nos melhores ranchos e stands locais. Atualmente continuo acompanhando seu trabalho, embora seu repertório tenha se distanciado um pouco do que costumávamos fazer antigamente, sempre que posso, realizo participações em seus shows.
Juntamente com meu antigo parceiro Oliver Borges (hoje um desenhista e quadrinista profissional), que me influenciou a escutar o rock'n roll dos anos 50 e 60 com Elvis, Beatlles, Ritchie Valens, The Animals, dentre outros, fiz parte da banda de Country-Rock "Os Mustangs". Foi nesse trabalho que conheci o guitarrista norte americano Lon Bové com quem formei minha primeira banda de blues (Delta Blues), época em que conheci o contra baixista Jerri Marlon que me acompanha até hoje. Até isso devo a Paulo, pois ele me apresentou aos Mustangs. Aos poucos, sem deixar o country, fui me interessando mais por gaita e blues e depois de tocar e gravar com diversos artistas de gêneros musicais distintos, iniciei a minha carreira solo, em 2006.

4 - Lucas Bertolucci: Você é um autoditada, aprendeu quase tudo sozinho, como foi esse processo? E como é agora você ensinando para seus alunos?
Luiz Rocha - Quase todo gaitista era autodidata antes desse vasto material que se encontra disponível hoje na web, a exemplo do Gaitanet (o site mais completo da América Latina sobre o instrumento). www.gaitanet.com   Raramente, havia professores de gaita em escolas e, dificilmente, um método. Fora isso, sou de sargitário, signo que os astrólogos definem como autodidatas por natureza (risos). Sempre tirei as músicas de ouvido e isso fez com que eu desenvolvesse uma boa sensibilidade musical, sem contar com o histórico familiar, meu Bisavô paterno - Vitorino Palma - era Maestro.
Somente depois de conhecer o Jefferson Gonçalves, em 2003, que estudei suas vídeo-aulas e as do Sérgio Duarte (gaitista que teve, em São Paulo, a mesma importância que o Flávio Guimarães, no Rio de Janeiro). O Jef. me apresentou ao trabalho dos gaitistas americanos Sonny Terry e Peter Madcat (uma de minhas maiores influências). Além disso, um amigo me presenteou com diversos álbuns do gaitista francês J.J.Milteau, que foi, sem dúvida, uma influência de peso.
Sobre o curso, é uma atividade que completará cinco anos, em 2009. Desenvolvi um método de ensino observando as minhas próprias dificuldades iniciais, sem contar que ensinando também se aprende muito. O contato constante com alunos que nunca tocaram o instrumento, muito menos tiveram aproximação com a música me proporcionou mais sensibilidade para captar uma forma mais agradável de transmitir o conhecimento e me deu mais paciência também (risos). Sempre comento que meus alunos desfrutam de uma oportunidade que eu não tive. Inclusive, elaborei um método de gaita em áudio que está fazendo sucesso no mercado. São diversos pedidos de todo Brasil. Em todo canto tem alguém querendo aprender a tocar gaita. Para maiores informações acesse meu site www.luizrochaharmonica.com Você também pode ouvir o podcast sobre o método de gaita em áudio acessando o link



(LUIZ ROCHA & BANDA - DRIFTIN´BLUES)


5 - Lucas Bertolucci: Salvador é uma terra de axé, sem muitas chances para outras vertentes de músicas, mas, mesmo assim, você adquiriu seu espaço e é tido como o nome em blues na Bahia. O que faz você querer seguir adiante na música em Salvador? Já pretende vôos mais altos?
Luiz Rocha - O que me faz seguir é, sem dúvida, a paixão pela música. Amo meu trabalho e mesmo com todas as dificuldades apresentadas, afirmo que se eu pudesse recomeçar e voltar no tempo, eu escolheria a música e a gaita outra vez. Mas discordo em relação à frase "você adquiriu seu espaço". Acho que ainda não o adquiri, estou em processo. Minha verdadeira carreira começou agora que lancei meu primeiro disco. Ainda há muito a ser feito para conquistar o "meu espaço". Por outro lado, acho que chamei atenção e conquistei certo respeito, caso contrário, uma fabricante de gaitas como a Bends Harmônicas - www.bends.com.br - jamais se interessaria em me patrocinar associando minha imagem à sua marca. Pensar grande, imaginar "vôos mais altos" é um exercício que se deve praticar com freqüência. Não tenho dúvida que as melhores coisas que já consegui com a música foi exercitando isso. As dificuldades, por mais duras que sejam, sempre são minúsculas diante do prazer das conquistas. "O futuro é feito de sonhos, por isso não perca tempo, vá dormir"! (risos).

6 - Lucas Bertolucci: Seu novo trabalho, "PISE FUNDO" acabou de sair do forno, fale um pouco das suas músicas e quando fará uma turnê desse álbum?
Luiz Rocha - O álbum "Pise Fundo" pra mim é mais do que apenas um CD de gaitista. Primeiramente, pode-se dizer que é o primeiro CD solo de um gaitista soteropolitano a ser lançado na Bahia, o que o torna um marco na difusão do instrumento na região. Para não me estender muito, você pode acessar esse linkhttp://lr.harp.googlepages.com/news e saber um pouco mais sobre o álbum. Quanto à turnê, é sem dúvida projeto para 2009. Aguarde por novidades.





(LUIZ ROCHA CAI NA ARAPUKA)


7 - Lucas Bertolucci: Você já tocou com grandes nomes do Blues no Brasil, como Álvaro Assmar e Andy Boy. Como é estar com os grandes do blues? Qual o aprendizado maior que você tira dessas experiências?
Luiz Rocha - Tocar com eles e com outros músicos com quem também já tive oportunidade de dividir palco, a exemplo dos gaitistas Sérgio Duarte, Jerfferson Gonçalves e Vasco Faé, além de ser uma honra, é uma prova de reconhecimento do meu trabalho. É quando tenho a certeza de que estou realmente "Pisando Fundo" (risos). São pessoas que possuem muita experiência e quero absorver isso ao máximo. Fica aqui registrado o meu abraço a Álvaro Assmar que sempre apoiou meu trabalho.

8 - Lucas Bertolucci: Quais são seus maiores sonhos?
Luiz Rocha - Poxa, essa é uma pergunta muito relativa. Precisava pelo menos de um critério ou ponto de vista. Vou fazer meus pedidos, quem sabe "Papai Noel" pode estar lendo esta entrevista também (risos).
Um dos meus sonhos é estabilizar a minha vida tendo a música como fonte para tal. Viver de gaita em Salvador é difícil, principalmente por desconhecerem o potencial desse instrumento e o limitarem ao blues.
Também desejo bastante viajar por outros estados e até países, seja a trabalho ou a passeio e ver de perto os lugares ou falar pessoalmente com os músicos que admiro, sejam famosos ou não. Gostaria muito de poder dividir o palco com alguns dos gaitistas que só conheço através de CD´s, DVD´s ou You tube e até trocar uma idéia com eles sem, necessariamente, ser sobre a música.





(LUIZ ROCHA & BANDA 2007)


9 - Lucas Bertolucci: Para quem não te conhece, quem é Luiz Rocha?
Luiz Rocha - Não se preocupe, avisarei assim que eu descobrir... (risos). Tudo que sei até agora é que esse sujeito parece ser uma boa pessoa e tem talento no que se propõe a fazer. Já me falaram, inclusive, que ele é tímido e no microfone fala metade do que escreve.

10 - Lucas Bertolucci: Suas últimas considerações...
Luiz Rocha - Sabe, vejo que muita gente pensa que músicos sobrevivem à base de elogios. Participem, acessem, opinem, critiquem, vão aos shows, peçam músicas, aplaudam, comprem cd´s, indiquem. Isso é muito importante para que músicos desconhecidos tenham um retorno satisfatório e uma chance de aparecer também.
Há uma nova ferramenta que está ganhando cada vez mais força, um espaço interativo chamado "Balcão do Músico", que é uma iniciativa de Vinícios Lago no intuito de incentivar a Cultura Musical. Trata-se de uma nova rede sem fins lucrativos que promove o trabalho de músicos, produtores, luthiers, compositores e demais profissionais do ramo. Mantenham o site ativo participando dos fóruns e conhecendo o trabalho de diversos artistas. Tem fotos, vídeos, músicas, etc. Convido você que está lendo a deixar sua opinião nos seguintes fóruns:

QUEM JÁ OUVIU "PISE FUNDO" - O CD OFICIAL
PSEUDO-ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO:
SHAKE MUSIC É "MARA"


Se você gosta de gaita, mora em Salvador/Ba e deseja intensificar as atividades relacionadas a esse instrumento, participe do grupo BAHIARMÔNICA. Formemos um grupo organizado em prol desse instrumento!

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