Zéu Britto, baiano, ator, cantor, poeta. Falar dele é algo difícil, ele é um daqueles seres especiais que não se pode definir com alguns adjetivos. Um artista diferente, criativo e com uma sensibilidade de impressionar. Quem conhece ele de perto, sabe o quanto que ele é alegre, um ser em eterna expansão. Ganhou o mundo cedo e hoje mostra sua arte em várias vertentes. A MIB tem a honra de entrevistá-lo e mostrar um pouco mais de sua pessoa e de suas histórias. Conheço Zéu desde o início de sua carreira, somos colegas de trabalho, sempre ria muito com ele na Escola de Teatro de Salvador. Um talento NATO. Seja bem vindo LOUCO AMIGO ZÉU BRITTO.
ENTREVISTA COM ZÉU BRITTO
1 - LUCAS BERTOLUCCI – Começaremos com seu início... 19 de fevereiro de 1977, cidade de Jequié - Bahia, nasce o menino Zéu Britto, como foi sua infância?
ZÉU BRITTO – Eu tive uma infância interiorana, livre, tranquila, amorosa e criativa. Meu pai, bancário, minha mãe, professora, eu e meus dois irmãos tivemos o suficiente para a felicidade, sem excessos…eu é que transbordava com meus amigos de rua inventando maluquices, de peças de teatro a shows de mágica, filmagens e devaneios. Aos 10 anos de idade, conta meu pai, eu entrevistava as pessoas o tempo inteiro e me comportava com se estivesse sendo filmado, gravava tudo num aparelho cassette antigo, é na infância que começa o feitiço mais poderoso.
2 - LUCAS BERTOLUCCI – Aos 18 anos você já estava em Salvador fazendo o “Curso Livre”. Como foi a decisão de fazer teatro? E como foi o seu início?
ZÉU BRITTO – Fiz o Curso Livre de teatro escondido, na época era impossível dizer aos meus pais que eu tinha uma intenção artística, não era uma boa opção , isso em 1994, hoje em dia é lindo e, em muitas famílias, até se incentiva , graças a Deus! Só que naquele instante era mais forte que eu, a alma queria porque queria fazer arte e provei a eles que tinha que seguir essa carreira. A peça do Curso Livre foi “Intimidades”, direção de Deolindo, compus uma música especial pro espetáculo, adorei essa época. Tudo foi dando certo, entrei no grupo baiano “Los Catedrásticos”, aprendi muito e fomos bem sucedidos de público e crítica, fazia paralelo com teatro os meus shows de música, dirigia performances, entrevistava na tv Bahia, enfim, já experimentava a pluralidade ainda em Salvador.
3 - LUCAS BERTOLUCCI – No início de sua carreira em 1995 no Curso Livre de Teatro da UFBA, você fez a peça de encerramento do curso (Intimidades) e o diretor da peça teve muito trabalho para controlar seus gestuais e caras engraçadas e te colocou numa cadeira para impedir isso, porém não adiantou porque seu personagem roubava a cena. Como foi essa época inicial de sua carreira?
ZÉU BRITTO – Deliciosamente permissiva e natural, pra mim virar argila, ser manipulado por um diretor e tentar chegar no seu olhar é o máximo, sempre tive muito respeito por isso, mas não vou negar que são sobrenaturais os impulsos de minha entidade, sempre foi assim, só faz o que quer ha,ha,ha,ha,ha,ha…Minha gargalhada que sempre saltou na frente e eu tinha que domar, hoje é meu ganha pão ha,ha,ha,ha,ha,ha…os diretores pedem, quando não é a gargalhada, é o Uêêêêêêêêê…
4 - LUCAS BERTOLUCCI – Nessa época você era figurinha sempre presente na Escola de Teatro de Salvador, e lá, em seu pátio, você mostrava suas músicas hilariantes e divertidas. De onde veio à inspiração e idéia de criar suas músicas?
ZÉU BRITTO – De fatos reais, estranhos, hilários e incompreensivos, eu não aguentava e fazia música, sou assim até hoje, tenho alma de cronista, necessidade de passar minha versão pessoal dos fatos. A música é uma malha sofisticada onde você pode costurar o mundo, se vestir dela, fazer de bandeira, ser original e única como a moda. Descobri essa riqueza toda ainda no ginásio, no patio da escola de teatro, nas coxias de Salvador e levo minhas crônicas pra todo canto.
5 - LUCAS BERTOLUCCI – Durante seis anos você fez parte do Grupo Los Catedrásticos, como foi essa experiência em sua carreira?
ZÉU BRITTO – Muito rica, conheci alí companheiros de trabalho inesquecíveis, diretores especiais, tive de cara liberdade (coisa rara), excurcionamos com aquela irreverência pra cima e pra baixo, enfim, na cabeça de um menino de 18 anos é como ir a lua
6 - LUCAS BERTOLUCCI – No cinema você iniciou sua carreira em 1999 com o filme “Constelação do céu da boca do inferno”. Qual sua relação com o cinema e quais os próximos projetos?
ZÉU BRITTO – Cinema é uma arte gigantesca, todos querem estar “bem no filme” isso literalmente significa “aparecer bem no cinema” ha,ha,ha,ha,ha…o filme fica na locadora, qualquer um pode ver pra sempre e irrestritamente, é obra fechada e irretocável, isso é um perigo. Estou em “Trampolim do Forte” e “Capitães da Areia” com estréias para esse fim de ano. No meu caso além de atuar eu tenho músicas em alguns filmes e isso dá vida e personalidade para essas músicas, quando as canto é mágico pra mim e pro público porque foi de um filme, geralmente me convidam pra fazer tudo ao mesmo tempo, eu adoro!
ZÉU BRITTO – Experimentei várias coisas, de Belzebú Bill no “Sítio do Pica-Pau Amarelo” até Carniça em “Sexo Frágil” passando por humorísticos e novelas e digo a você de coração, me sinto um menino começando agora e querendo fazer tudo, fiz muita coisa bacana mas o cantador cego de “Carga Pesada” e Ozinaldo de “A diarista” valem a pena destacar, o bom é se aventurar, aprender a fazer cada vez melhor.
8 - LUCAS BERTOLUCCI – Na música você marcou presença no cinema nacional com trilhas sonoras para os filmes: “Lisbela e o Prisioneiro”, “Meu Tio Matou um Cara”, “A Máquina”, “O Homem Que Desafiou o Diabo” e “A Guerra dos Rocha”. Como é essa sua relação entre a música com o cinema?
ZÉU BRITTO – Tem convites (faço a música por encomenda) ou apenas a música entra para o filme aí é uma surpresa maravilhosa como num dia desses que eu soube que “Azía”(música do meu primeiro album) estava num filme que ganhou prêmio e tudo, benza Deus, que venham mais e mais chamados musicais do cinema.
9 - LUCAS BERTOLUCCI – Soraya Queimada foi um de seus maiores sucessos. O que tem de verdade na história dessa música? Real ou fantasia a existência de Soraya?
ZÉU BRITTO – Essa músca eu fiz adolescente, naquela época tinha virado moda o termo “queimar o filme” aí juntei tudo e transformei uma disilusão amorosa em música, fiz muitas como ela, movido por emoções fortes, estudantis ha,ha,ha,ha,ha…nunca achei essa música muito boa mas o povo adora, já foi tema de um episódio do programa “Sexo Frágil”, já foi tema do filme de Jorge Furtado “Meu Tio Matou Um Cara”, já entrou em peça de teatro, enfim, é babado!
10 - LUCAS BERTOLUCCI – Uma de suas músicas mais polêmicas é a “Hino em Louvor à Raspada”, homenagem a uma de suas musas, Cláudia Ohana, quando a atriz foi capa da Revista Playboy. Como surgiu a idéia da música e qual sua repercussão? Cláudia Ohana ficou chateada?
ZÉU BRITTO – Essa canção é um arroubo livre de amor, tinha 13 anos quando um coleguinha de colégio botou na minha mão a Playboy de Cláudia Ohana, virei compositor na hora, foi muita informação pra uma pequena criança tarada ha,ha,ha,ha,ha,ha, a música virou hit no meu colégio, todo mundo queria ouvir “Raspadinha”, eu negociava ponto com os professores em troca da música bem tocada ha,ha,ha,ha,ha…O mais bacana é que a própria Cláudia acha divertido, ela foi num show meu aqui no Rio, uma delicadeza, adorou.
11 - LUCAS BERTOLUCCI – Atualmente você é apresentador do programa “Zéu de Estrelas” no Canal Brasil. Explica para os leitores da MIB o que é o programa.
ZÉU BRITTO – O canal Brasil é uma casa sagrada da liberdade, sou feliz de desfrutar esse espaço, de conseguir ousar e ter voz, não é lindo? Depois de três anos a frente de “Retalhão” ganhei um programa só pra mim chamado “Zéu de Estrelas” onde posso homenagear pessoas especiais, cantar, recitar poemas, bater um papo com a entidade por trás da personalidade, o universo é infinito de estrelas, todos nós podemos e precisamos brilhar.
12 - LUCAS BERTOLUCCI – Dia 01 de novembro foi lançado seu novo DVD e CD. Fale pra gente como é esse trabalho.
ZÉU BRITTO – Desde 2002 faço o show “Saliva-me”, por onde passa é muito bem recebido, é um show explosivo, com poemas escritos para ele, canções de filmes e programas de tv, por exemplo, tem “Gosto que me enrosco” que cantei na abertura do “Sexo Frágil”, tem participações queridas como Ivete Sangalo cantando comigo “Brega de Leila”, Maurício Baia divide “Interesseira” que é inédita, “Açougueiro” também é novidade para a maioria das pessoas, enfim, é um show que foi crescendo, crescendo e agora sai pelo recém inaugurado selo “Coleção Canal Brasil” em parceria com a “Urubu Rei” e MZA, e o melhor de tudo é que está chegando em todas as lojas, quem procurar vai achar e com certeza vai se divertir.
13 - LUCAS BERTOLUCCI – Chegamos ao final de nossa entrevista. Quero agradecer a você pela entrevista e atenção. Para finalizar deixe seu recado para os leitores da MIB.
ZÉU BRITTO – Eu agradeço o seu convite, tomara que os leitores curtam curtido o nosso bate-papo, um beijão pra todos e em breve vou brindar o meu público Baiano com um showzão de verão úmido e inesquecível, quero ver todo mundo lá salivando com papai ha,ha,ha,ha,ha SALIVA-ME meu povo, SALIVA-ME ha,ha,ha,ha,ha….Axé
SEU CURRÍCULO:
- Teatro
1995 Intimidades
1996 Língua de Fel
1997 Suburra
1998 Novíssimo Recital da Poesia Baiana
2002 A ver Estrelas
2003 Homem Objeto
2005 João e Maria na casinha de chocolate: Rock'n para as crianças (direção)
2006 Camila Becker
2007 Antônio de Chica (direção)
2009 Decameron: A arte de fornicar
- TV
2002 Pastores da Noite
2003 Pastores da noite / Homem Objeto / Sexo Frágil
2004 Pode Misturar / Sexo Frágil / Programa Novo / Faixa Musical Bahia
2005 Tenha medo! / Sob Nova Direção / Carga Pesada / A Diarista.
2006 Diga aí laiá / Avassaladoras / Malhação
2007 A Diarista / Sítio do Pica-pau Amarelo / Retalhão / Paraíso Tropical / Mosaico Baiano
2008 Retalhão
2009 Retalhão
2010 Zéu de Estrelas
- Cinema
1999 Constelação do céu da boca do inferno
2004 A máquina
2005 Fica comigo essa noite
2006 Saneamento Básico, o filme
2010 Trampolim do Forte
- Trilhas
1995 Intimidades
1996 Língua de Fel
1997 Suburra
2003 Sexo Frágil, Lisbela e o Prisioneiro
2004 Sexo Frágil, Meu tio matou um cara, A máquina
2005 João e Maria na casinha de chocolate: Rock'n Roll para as crianças
2006 Avassaladoras
2007 Retalhão
2008 A guerra dos Rocha
- Show's
2002 Saliva-me, o show úmido
2005 Mingau das Almas
2006 Voz, violão e ousadia
2007 Saliva-me
2008 Voz, violão e ousadia / Saliva-me
2009 Foliões de eros / Voz, violão e ousadia / Saliva-me
Blog Oficial
Retalhão: Bairro da Liberdade
Música: Hino de Louvor à Raspada
(EU MORRO DE RIR TODA VEZ QUE OUÇO ESSA MÚSICA)
Música: Vou queimar seu peito com isqueiro
Urubu Rei Produções
55 21 3553-6680
55 21 9513-8654
OUTRAS ENTREVISTAS
Acho Zeu o máximo, ele é a irreverência em pessoa. Surpresa encontra uma entrevista dele aqui.
ResponderExcluirVi os vídeos, as músicas dele são uma comédia
ResponderExcluiracho que a palavra certa para descrever zeu é surtado, ele é um grande artista
ResponderExcluirAdorei a entrevista, assim pude conhecer mais do artista
ResponderExcluirA MIB TA CHIQUE, ENTREVITANDO OS FAMOSOS. PARABÉNS PELA IDEIA E PELA BELA ENTREVISTA
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