15 de mai. de 2011

Confira 10 questões sobre a morte

  • Cremar corpos é antiecológico?


Em filmes, seriados e até no dia a dia, o tema da morte está presente. Várias afirmações sobre o que acontece com o corpo são reproduzidas, algumas delas de maneira equivocada. Mas afinal, quando surgiu o costume de enterrar os mortos? Cremar os corpos é antiecológico?

O homem já enterra seus mortos há pelo menos 30 mil anos. Pedro Funari, professor de Arqueologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), afirma que alguns pesquisadores recuam esse processo para 90 mil anos e outros, para 300 mil anos, mas 30 mil é a data de que se tem registro. "O respeito pelos mortos liga-se a conceitos religiosos, então se especula que o enterramento seja evidência de algum tipo de culto ou crença", afirma.
Já quem não gosta da ideia de ser enterrado e ter o corpo "comido" por bactérias deve saber que a cremação não é um processo muito ecológico. "Ela emite gás carbônico, que se acumula na atmosfera e ajuda a aumentar o efeito estufa", diz Dionete Santin, pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da Unicamp.
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As plantas e as algas são responsáveis por retirar o gás carbônico do ar e transformá-lo em oxigênio. Porém, na medida em que elas não conseguem absorver tanto gás carbônico, ele vai sendo estocado na atmosfera e aumenta a temperatura terrestre.
A cremação, por queimar e produzir fumaça, não contribui para um mundo sustentável. O enterro também não é uma prática tão "verde". Quando se coloca lixo em um aterro, os restos orgânicos apodrecem, diminuem de volume e produzem um líquido escuro e fedido, chamado de chorume, que é altamente poluidor e pode chegar até os lençóis freáticos, contaminando a água potável. Com a putrefação de cadáveres ocorre a mesma coisa.
Dionete explica que, apesar de ser um processo natural, a decomposição de substâncias orgânicas gera um problema por ser realizada de maneira desequilibrada. O lixo e os corpos são depositados todos juntos, em aterros e em cemitérios, o que gera uma quantidade tóxica, prejudicial ao meio ambiente. "Formam-se ácidos, que irão percorrer o solo", afirma.


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O que acontece com o corpo após a morte?

É possível definir o horário exato da morte de uma pessoa? Os pelos e os cabelos continuam crescendo após a pessoa ser enterrada? As próteses de silicone podem explodir? Por que se coloca algodão no nariz e nas orelhas? Quanto tempo leva para o corpo se decompor?
Em filmes, seriados e até no dia a dia, o tema da morte está presente. Várias afirmações sobre o que acontece com o corpo são reproduzidas, algumas delas de maneira equivocada. Para esclarecer dúvidas, especialistas no assunto explicam o que ocorre com o ser humano durante esse processo natural. Confira a seguir 10 questões curiosas sobre a morte.


  • 1 - É verdade que imediatamente após a morte o corpo perde peso?

O filme de Alejandro González Iñárritu, 21 Gramas, levou para o público uma teoria pouco conhecida: o corpo perderia este exato peso no momento exato da morte. Porém, o médico legista Dionísio Andreoni decepciona quem jurava de pés juntos que essa seria a prova da existência da alma.

"Não há perda de massa corporal logo após a morte, a menos que, em consequência do relaxamento de esfíncteres, haja emissão de urina, fezes ou esperma", afirma Andreoni, integrante da Associação Brasileira de Medicina Legal (ABML). Nesse caso, haveria alguma redução de peso, dependendo do volume de material expelido. Já que o corpo perde o mecanismo de hidratação dos tecidos, também ocorre perda de água, que evapora através da pele.

  • 2 - É possível afirmar o horário da morte de uma pessoa com precisão?

Você provavelmente já viu, em filmes ou seriados, um médico dizer, com voz austera: "hora da morte: 15h02". Porém, segundo o legista Dionísio Andreoni, na vida real, não há toda essa precisão. “O médico registra mentalmente na hora, ou às vezes nem lembra. Aí depois escreve uma aproximação do horário”, diz.

O médico legista Luiz Carlos Prestes Júnior conta que nem é possível afirmar com precisão o instante da morte. Na maioria das vezes, usa-se a parada da circulação para indicar o momento do óbito, mas a falência dos órgãos é um processo que acontece por várias horas.

Andreoni explica que o tempo de morte pode ser calculado pela comparação da temperatura do cadáver com a temperatura do ambiente ou pela composição química de alguns dos tecidos do corpo, especialmente do humor vítreo, parte interna do olho. Ainda assim, não será dada com uma precisão de minutos.

  • 3 - Cabelos e unhas continuam crescendo após a morte?

Eles continuam crescendo, mas não por tanto tempo quanto se imagina. O médico legista Dionísio Andreoni afirma que pelos e unhas podem crescer durante várias horas após a morte. Isso porque morrer não é um evento instantâneo, mas um processo que se desenrola por algum tempo.

Depois que a circulação cessa, os órgãos não recebem mais oxigênio, o que leva a pararem de funcionar. “Células mais resistentes à privação de oxigênio demoram mais a morrer, como no caso dos pelos e das unhas”, afirma.

Além disso, a desidratação dos tecidos após a morte pode causar a impressão de que o cabelo e as unhas cresceram. Quando a pele "murcha", ela se retrai e expõe mais as unhas e os pelos, que antes estavam acobertados. Mas nada além de frações de milímetro.

  • 4 - De onde vem o costume de enterrar os mortos? Cremar é antiecológico?

O homem já enterra seus mortos há pelo menos 30 mil anos. “O respeito pelos mortos liga-se a conceitos religiosos, então se especula que o enterramento seja evidência de algum tipo de culto ou crença”, afirma Pedro Funari, professor de Arqueologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Já quem não gosta da ideia de ser enterrado e ter o corpo "comido" por bactérias deve saber que a cremação não é um processo muito ecológico. "Ela emite gás carbônico, que se acumula na atmosfera e ajuda a aumentar o efeito estufa", diz Dionete Santin, pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da Unicamp.

O enterro também não é uma prática tão "verde". Quando se coloca lixo em um aterro, os restos orgânicos apodrecem, diminuem de volume e produzem um líquido escuro e fedido, chamado de chorume, que é altamente poluidor e pode chegar até os lençóis freáticos, contaminando a água potável. Com a putrefação de cadáveres ocorre a mesma coisa.

  • 5 - Por que é colocado algodão no nariz e orelhas dos mortos?

Quando o corpo é preparado para o velório, costuma-se preencher os orifícios naturais da pessoa com algodão, o que é chamado de tamponagem ou tamponamento. Esse procedimento é realizado para que gases, secreções e sangue não sejam liberados.

É que a maioria dos órgãos ocos, como a bexiga e o intestino, têm suas vias de saída fechadas por estruturas musculares chamadas esfíncteres.

"Com a morte, estes músculos se relaxam permitindo que o conteúdo dos órgãos ocos, especialmente líquidos ou gases, possam fluir livremente para o exterior", diz o legista Dionísio Andreoni. A tamponagem evita que isso aconteça no momento do velório.

  • 6 - Por que o corpo esfria e enrijece após a morte?

Isso acontece devido à perda progressiva de calor. Sem oxigênio, o metabolismo das células cessa. Assim, elas param de gerar energia e o corpo tende a equilibrar sua temperatura com a do ambiente. “Sem metabolismo celular, há acúmulo de ácido lático na musculatura, o que a enrijece”, explica o médico legista Luiz Carlos Prestes Júnior.

Na verdade, o corpo fica completamente rígido de seis a oito horas após o óbito. Porém, cerca de 24 horas depois, o corpo está novamente flácido. Isso porque, devido à decomposição, a membrana celular se rompe e desaparece a tensão elétrica entre as células, que deixava o corpo enrijecido.


  • 7 - O que ocorre com a bexiga e o intestino se estiverem cheios?

Instantes antes da morte, a pessoa pode sofrer uma intensa carga de hormônios ligados ao estresse, que provocam o esvaziamento involuntário da bexiga e do reto. Se esses órgãos continuarem cheios depois do óbito, o relaxamento dos esfíncteres (estruturas musculares que formam as vias de saída para órgãos ocos, como bexiga e reto) pode eliminar seus conteúdos.

  • 8 - O que acontece com próteses de silicone após a morte?

Ao contrário da carne humana, próteses de silicone se conservam após a morte, já que são feitas de material sintético. O perito legista Dionísio Andreoni garante que elas simplesmente ficam onde estão, enquanto acontece a decomposição dos tecidos em volta.

O mito de que ocorreria uma explosão é falso, já que os gases compostos a partir da putrefação do corpo se formam em torno das próteses e não em seu interior. No caso de cremação, a prótese tem o mesmo fim do corpo: as cinzas.

  • 9 - Quanto tempo leva até sobrar somente a ossada?

A decomposição do corpo começa imediatamente após a morte. Porém, o médico legista Dionísio Andreoni conta que o tempo necessário para que ela seja perceptível depende muito da temperatura ambiente, das condições do organismo no momento da morte, da causa do óbito e das condições ambientais em que o cadáver permaneça depois do ocorrido.

Lugares quentes ou úmidos aceleram a decomposição do cadáver. A presença de oxigênio também. “O afogado, enquanto está embaixo d’água, fica relativamente bem conservado”, exemplifica Andreoni. Porém, depois que entra em contato com o ar, o corpo é decomposto muito mais rápido, já que tecidos amolecidos facilitam o trabalho das bactérias.

Segundo o perito legista Luiz Carlos Prestes Júnior, a ação pode se iniciar com menos de 24 horas em locais onde a temperatura é elevada.

Já o processo de esqueletização, que reduz o corpo somente aos ossos, pode variar de acordo com o tipo de ambiente que fica exposto o cadáver, entre dois a três anos.

  • 10 - Qual parte do corpo leva mais tempo para se decompor?

Ossos, dentes, pelos e pele são as estruturas que melhor resistem à decomposição, e o período que isso leva para acontecer é influenciado por condições ambientais, como temperatura e umidade. Porém, pode-se supor que, 30 dias após a morte, um cadáver sepultado sem conservantes apresente também coração, fígado, útero, próstata e músculos grandes (como coxas e glúteos) já bastante danificados, mas reconhecíveis.

"São órgãos mais densos, duros, porque são formados por uma grande quantidade de tecidos", explica o médico legista Dionísio Andreoni. Os demais órgãos já estariam quase que totalmente liquefeitos.


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