29 de jun. de 2011

'Máfia da tartaruga' deixa espécie rara sob ameaça de extinção

  • Caça ameaça espécie rara do Oceano Índico


A intensificação da caça de tartarugas em Madagascar, que agem protegidos por um esquema que envolve autoridades corruptas, está ameaçando os répteis de extinção no Oceano Índico, segundo denúncia de ambientalistas.

Eles dizem que a crescente demanda local pela carne e no exterior pelo casco, usado como afrodisíaco, e pelo réptil como animal doméstico, favoreceu o que batizaram de "máfia das tartarugas".

''Todo mundo as está comendo e todo mundo as está traficando. E assim que essas pessoas são levadas a julgamento, surgem organizações mafiosas que as ajudam a escapar'', afirma o presidente da ONG local Aliança de Grupos de Conservação, Ndranto Razakamanarina.
Segundo o relato de outro ambientalista, Tsilavo Rafeliarisoa, dois caçadores de tartarugas foram encontrados no ano passado no sul do Madagascar com 50 animais.

Mas é constante ver caçadores percorrendo vilarejos em grupos de até cem pessoas, que chegam a recolher milhares de tartarugas em algumas semanas.
Segundo os ambientalistas, eles costumam estar fortemente armados, a fim de coibir quem tentar impedi-los.

  • 'Sem defesa'

''Quando uma gangue de caçadores munida de armas e machetes chegam para roubar tartarugas, um vilarejo fica sem defesa'', afirma Rafeliarisoa.
Segundo o ambientalista, com o aumento de preços de alimentos, está crescendo o número de pessoas que comem tartarugas.

O animal se tornou um tira-gosto popular em cidades ao sul do país, Tsiombe e Belonka, até mesmo entre autoridades governamentais que deveriam estar à frente de campanhas para impedir a extinção desses répteis.

''Eles dizem 'me dê o especial'. E o especial é carne de tartaruga. É um grande mercado'', afirma Rafeliarisoa.
Herilala Randrianahazo, da ONG Aliança pela Sobrevivência das Tartarugas, disse que recentemente esteve em Tsiombe e em Beloka, onde se fez passar por um turista para conferir quão regularmente a carne de tartarugas constava de menus de restaurantes.

Ele descobriu que um prato de carne de tartaruga, cozida no tomate, com alho e cebolas era vendido por US$ 2,50 (R$ 4) e servido em menos de 30 minutos.
''Eu mandei o prato de volta e o garçom me disse que poderia me arrumar algo diferente. Até mesmo um animal vivo, naquele mesmo instante'', conta Randrianahazo.

  • Afrodisíaco

Os grupos de traficantes de tartarugas são, segundo ambientalistas, bem organizados e chegam a vender os animais no mercado negro em países asiáticos, como a Tailândia.
Asiáticos ricos consideram as tartarugas animais domésticos exóticos e estão dispostos a pagar até US$ 10 mil por cada um (cerca de R$ 16 mil).

Seguidores da medicina tradicional asiática costumam comprar cascos de filhotes de tartarugas, a fim de usá-los em misturas que supostamente aumentam o desempenho sexual.
Ambientalistas contam que traficantes chegam a colocar até 400 animais dentro de suas bagagens, antes de embarcá-las para cidades como Bangcoc.


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