2 de dez. de 2011

Dez gírias usadas no Brasil

  • Dez expressões para lá de estranhas que talvez você não conheça

Que o brasileiro fala de forma diferente de acordo com a região todo mundo sabe. Afinal, não é preciso cruzar o País para encontrar gírias e sotaques bem diferentes daqueles utilizados onde você vive. 

Seja no falar cantado dos gaúchos, no jeito arrastado de pronunciar as palavras dos baianos ou na malandragem dos cariocas, o Brasil parece conter uma série de dialetos diferentes dentro de um mesmo idioma. Com a ajuda de um especialista em idiomas e expressões nacionais, apresentamos algumas gírias regionais do arsenal brasileiro de palavras. Então fica sussa e dá uma sacada nas trovas maneiras a seguir.

1 - Jacarezinho de parede (SC)
Aqueles que já visitaram Santa Catarina certamente não precisaram esperar muito tempo para ouvir a divertida expressão “jacarezinho de parede”, também conhecida como lagartixa no resto do Brasil. “É uma forma carinhosa de chamar a lagartixa, dada a sua semelhança com o jacaré, respeitada as dimensões. Pequena, inofensiva, vive nas paredes das casas e é de extrema utilidade no controle de insetos, como mosquitos, seu alimento predileto”, detalha o professor de língua portuguesa, escritor e pesquisador, Ari Riboldi.

Segundo o professor, essa gíria também pode ter diferentes significados em outros Estados, como mulher magra, ativa, agitada ou pessoa magra e feia, ou ainda aquelas que não costumam recusar uma bebida alcoólica, especialmente uma cervejinha.

2 - Juntar os trapos (RS)
Expressão típica do Rio Grande do Sul, especialmente do gaúcho da campanha, “juntar os trapos” significa casar-se, amasiar-se. “Trapos são os objetos de uso pessoal e, mais especificamente, as roupas velhas. Do latim ‘drapus’, pano. Se os gaúchos ‘juntam os trapos’, os mineiros, por semelhança, ‘juntariam os trens’”, brinca o professor, escritor e pesquisador de línguas e expressões, Ari Riboldi.

De acordo com ele, em caso de namoro em que não houvesse a concordância dos pais da noiva, era cena comum naquele Estado o noivo roubar a amada no meio da noite, indo a cavalo até a casa dela, ambos combinados, e carregá-la embora na garupa do cavalo com seus trapos. Consumado esse “casamento não oficial”, não havia como voltar atrás: os pais tinham de aceitar a união, pois a noiva deixara de ser virgem.

3 - Bistontado (MG)
Quando o assunto é gíria para salientar os defeitos de alguém, os mineiros são campeões de originalidade. Essa é mais uma das muitas expressões para definir as pessoas, digamos, mais devagar. “Palavra formada por ‘bis’, que significa duas vezes, mais o adjetivo ‘tonto’. Diz-se de quem é, no sentido original, duas vezes tonto, ou seja, exageradamente apatetado, apalermado”, detalha o professor, escritor e pesquisador de línguas e expressões, Ari Riboldi.

Em suma, procure não dar motivos para ser chamado de bistontando quando estiver em Minas. É duas vezes pior do que ser chamado de tonto em outro lugar do país.

4 - Cabuloso (RJ)
Uma das gírias mais “cabulosas” do arsenal fluminense é a própria expressão. “O sentido original da palavra é algo que dá cábula, enguiço, má sorte. Mas no caso da gíria, se aplica o sentido inverso, tornando algo positivo”, explica o professor, escritor e pesquisador de línguas e expressões, Ari Riboldi.

Em outras palavras, a expressão significa algo muito bom, impressionante ou sensacional. Segundo Ari Riboldi, esse tipo de inversão é comum, como ocorre, por exemplo, com o termo “bárbaro”, palavra que surgiu durante os tempos do Império Romano e que, na época, significava cruel, incivilizado e tudo aquilo que não pertencia ao império. Bem diferente do uso atual, com bárbaro indicando algo extraordinário, lindo ou fora do comum.

5 - Truta (SP)
Não, não se trata do peixe de formato alongado que pode ter até 60cm e se alimenta de insetos e outros peixes, mas sim de uma gíria descontraída para chamar algum amigo ou conhecido.

“Na linguagem informal, pode significa mulher bonita, de corpo bem feito ou para designar uma pessoa muito importante. Mas o uso dela foi alterado, sendo utilizada para chamar um companheiro de crime ou colega de cadeia. Atualmente, já foi incorporada ao vocabulário comum de muitos paulistanos, deixando de ser uma gíria essencialmente da prisão”, revela o pesquisador de línguas e expressões, Ari Riboldi. Em São Paulo é comum escutarmos a frase “E aí, truta”, como forma de cumprimento. Um alerta: não confundir com “treta”, o que seria uma tremenda... treta. Ou confusão.

6 - Encher linguiça (RJ)
Se dividíssemos o Brasil em um mapa de acordo com a criação de gírias, o Rio de Janeiro seria o Estado mais produtivo do território nacional. Com o grande número de expressões que surgem lá, não é nenhuma surpresa que algumas delas acabem sendo exportadas para outros lugares, caso de “encher linguiça”, muito usada em outros estados da região Sudeste e no Sul.

Segundo o professor, escritor e pesquisador de línguas e expressões, Ari Riboldi, “a expressão serve para definir o ato de enrolar, como quando alguém faz um discurso longo e vazio, desprovido de ideias e conteúdo, com o intuito de gastar ou ganhar tempo”. Também serve para o ato de escrever, quando o fazemos de forma redundante, com muitos rodeios e pouco foco. Um dos sinônimos mais famosos de “encher linguiça” é a expressão “conversa pra boi dormir”.


7 - Supimpa (SP)
Você já deve ter ouvido esta frase: “tal coisa é supimpa”. Se você também ficou incrédulo diante de tal expressão, calma, não é nada ruim ou pejorativo. Muito pelo contrário, “supimpa” é uma gíria paulistana com significado de algo excelente, ótimo, muito bom, espetacular. Exemplos: A festa estava supimpa! Foi um jantar supimpa!

Segundo o professor, escritor e pesquisador de línguas e expressões, Ari Riboldi, há duas explicações para a origem do termo: “Tanto pode ter raízes hispano-americanas ou do sumbundo, uma língua falada na Angola, que possui o termo ‘supa’, com o significado de ‘sobra, de ser demais’, que pode ter originado o nosso ‘supimpa’”, conclui.”, conclui.

8 - Pixotim (CE)
A expressão “pixotim” funciona como o diminutivo de pixote (ou pexote), que significa menino, criança, novato ou principiante. A palavra, quando utilizada como gíria, serve para designar alguém que joga muito mal ou executa de maneira leviana alguma ação. De maneira geral, é comum ouvir-se o termo “pexotada”, ou “pixotada”, para referir-se a jogada mal executada, falta ou erro cometidos por ignorância, inexperiência, ingenuidade.

“Quem entrega o jogo, por ingenuidade, por falta de habilidade, no futebolês, comete uma pixotada. No caso específico da gíria cearense, serve para adjetivar algo bem pequeno, diminuto, iniciante. Já ‘pexote’ é um termo que vem do chinês ‘pe xot’, que significa ‘não sei’”, explica o pesquisador de línguas e expressões, Ari Riboldi. Essa origem explica o uso do termo para significar a falta de habilidade no futebol, por exemplo. Quem comete uma pexotada ou pixotada não sabe jogar.

9 - Pila (RS)
Existe uma moeda diferente circulando no Estado do Rio Grande do Sul: o “pila”. “Pila” é uma a gíria dos gaúchos para a palavra dinheiro, geralmente em baixa quantidade, pois quando a quantia é alta utiliza-se outra expressão, o “conto”.

Existe uma pequena lenda para explicar a origem do termo. Segundo o professor, escritor e pesquisador de línguas e expressões, Ari Riboldi, “Pilla era o sobrenome de um político gaúcho que, em uma determinada eleição, distribuiu metades de notas de dinheiro para os eleitores que estavam prestes a votar, na promessa de entregar a outra metade se fosse eleito. Os cabos eleitorais entregavam a metade da nota dizendo o nome do candidato, Pilla. O termo usado como significado para dinheiro foi rapidamente assimilado pela população do Estado”.

10 - Zoró (BA)
Essa expressão bastante falada na terra da Ivete Sangalo tem raízes indígenas. A palavra é um nome de povo indígena, da família dos tupis. Seu emprego popular significa amalucado, danado da vida, confuso, transtornado ou doido. “Várias gírias com significado semelhante também começam com Z, como zuruado, zorongo e zureta”, completa o professor, escritor e pesquisador de línguas e expressões, Ari Riboldi.

Gostei, alguns nem conhecia como Zoró e olha que morro em Salvador.

Fonte: Terra



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2 comentários:

  1. Anônimo2/12/11

    oxe nunca ouvi esse zoro;incrivel como a lingua em um lugar pode ser tão diversificada.
    Lucas

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  2. Uma página muito legal, gostei bastante!!

    Obrigada!
    Monica V : )

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