21 de out. de 2013

O homem que permaneceu mais tempo sem dormir

  • Quanto tempo você acha que consegue ficar sem dormir?

O sono é um processo tão importante no ser humano como a vigília. Tanto é que um dos métodos mais efetivos de tortura consiste na privação do sono. Andrew Hogg, da Fundação médica de cuidados com as Vítimas de Tortura do Reino Unido, afirma que é uma forma tão padronizada de tortura que praticamente todo mundo a utilizou em um momento ou outro.

Nesse sentido, não se deve confiar em casos estranhos de pessoas que dizem ter permanecido acordadas durante meses ou anos. É impossível permanecer muito tempo sem dormir. E o único caso documentado sobre um homem que se manteve na vigília por mais tempo foi o de Randy Gardner.

Gardner, aos 17 anos, lá por 1965, permaneceu acordado 11 dias só por diversão, e sem usar drogas estimulantes. Assim descreve seu caso o neurologista David Linden:


Durante este período, Gardner a princípio foi ficando com mau humor, seus gestos foram-se tornando mais torpes e seu estado de ânimo era cada vez mais irritável. À medida que o tempo avançava, começou a ter delírios -dizia que era um famoso jogador profissional de futebol americano-, depois teve alucinações visuais -viu um caminho que cruzava um bosque que se estendia justo onde terminava seu dormitório-, paranoias e uma ausência completa de concentração mental. De forma surpreendente, após quinze horas de sono, quase todos estes sintomas se mitigaram. Aquele incidente ao que parece não deixou em Gardner nenhuma lesão física, cognitiva ou emocional duradoura.

O tempo máximo que uma pessoa pode se manter sem dormir não é conhecido com exatidão. E, ainda que não exista bibliografia científica de humanos que tenham morrido por privação total do sono, há indícios deste tipo de morte nos experimentos que os nazistas realizaram nos campos de extermínio durante a Segunda Guerra Mundial, bem como relatórios de execuções na China do século XIX na qual foi aplicado.

Estes documentos sugerem que a morte chega entre a terceira e quarta semana da privação de sono.

Experimentos realizados com ratos demonstra que a privação total do sono causava também a morte em 3 ou 4 semanas. Conquanto desconhecia-se a causa exata da morte, os animais padeciam de lesões na pele e seu sistema imunológico começou a falhar de maneira gradual. Isto fazia com que ao final o corpo do animal fosse colonizado por bactérias que em outras circunstâncias seriam benignas e que por regra geral só se encontravam presentes no trato digestivo.

A este respeito, também existe uma doença sumamente rara chamada Insônia Familiar Fatal (IFF). Este transtorno genético apresenta-se entre os 50 e 60 anos, de um dia para outro, e os sintomas são que a pessoa não consegue mais dormir. Ainda que o paciente tente em vão conciliar o sono, só consegue um estado de letargia que não permite o descanso. Após oito meses, a fase final da insônia leva a um coma profundo e sem volta. Atualmente não existe tratamento nem cura para esta doença.







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