- Uma história real que merece ser lida para não causar mais acidentes
Não sabia do poder do seu veneno, nem mesmo sabia que tinha veneno. Todos sabemos que o ornitorrinco é um achado da natureza, pois se já não fosse bastante estranho ser um mamífero com bico de pato que bota ovos, ter membranas entre os dedos dos pés da frente e uma cauda parecida à dos castores que lhes ajudam a nadar, não têm mamas (o leite escorre pelos poros da pele da barriga), os machos ainda têm nas patas traseiras esporões que injetam um veneno bastante singular.
Ou seja, este é o verdadeiro canivete suíço da natureza, um tudo em um, por assim dizer, que apresenta características claras de mamíferos, de aves e de répteis. O resultado de um bacanal da festa dos bichos.
Em maio de 1991, um homem de 57 anos, veterano de guerra, pescava próximo de Mackay, ao leste de Queensland, quando viu um pequeno ornitorrinco descansando em um tronco do rio. À medida que se aproximava, o animal não se movia, motivo pelo qual pensou que podia estar morto ou ferido.
Com a intenção de ajudar, o pescador pegou o ornitorrinco pela nuca, de forma parecida a como teria pegado um gato, e este quase não se moveu. Mas, um instante depois, o animal serpenteou de sobressalto e saltou para a água.
Foi naquele momento quando o ornitorrinco estendeu suas duas patas traseiras e fincou uma de suas esporas no dorso da mão direita do pescador e a outra no dedo médio.
A dor foi imediata e insuportável, e durante alguns instantes o ornitorrinco chegou mesmo a ficar enganchado na mão do homem, que teve que empurrá-lo com força na direção oposta para soltar as esporas.
- "A dor foi tão forte que me mijei de dor", recorda o homem no histórico publicado pelo serviço médico australiano, - "e comecei a não dizer coisa com coisa". Qualquer movimento mínimo, como o que provoca uma tosse, multiplicava a dor até extremos insuportáveis. Segundo descreveu mais tarde, aquela picada foi muito mais dolorosa do que as feridas de tiros que tinha recebido durante a guerra. E durante os 100 km de viagem até o hospital mais próximo a coisa não fez mais do que piorar.
Quando chegaram ao centro médico, a mão estava pálida e o veterano de guerra estava todo largado e sem capacidade de suportar o próprio corpo por causa da dor.
Usaram morfina, gelo e água quente, mas a sensação seguia insuportável. Passadas seis horas a dor ainda não cedia e logo adquiriu uma nova característica: a horrível sensação começou a tomar conta do corpo.
- "A dor começou a mover-se desde o antebraço direito para o braço, depois para o lado direito do peito e daí começou a estender-se por todas partes, desde a cabeça até os dedos dos pés", recorda a vítima. A dor piorava com qualquer contato com a pele e era, segundo suas próprias palavras, "como um dolorosa surra interna".
Após seis dias no hospital, a dor e a imobilidade permaneceram na mão durante outras três semanas e as sequelas duraram meses. O caso deste veterano é um dos quinze incidentes provocados pelo veneno dos ornitorrincos na Austrália, ainda que a cada ano as autoridades recebam vários avisos relacionados com o veneno destes animais. O outro incidente bem documentado é de uma naturalista de 29 anos que recebeu uma picada quando estudava estas criaturas em Nova Gales do Sul. No caso também se repetiu a dor sobre-humana e as consequências nos músculos da zona afetada, que ficam meio atrofiados durante meses.
O ornitorrinco é, junto aos equidnas, o único mamífero do mundo que desenvolveu um sistema de defesa com veneno. Somente os machos têm esta capacidade, que se localiza no face interior das duas patas traseiras, onde tem dois pequenos esporões que injetam entre 2 e 4 ml de veneno em cada ataque e se engancham com força à vítima. As glândulas com o veneno aumentam de tamanho durante a época de acasalamento e acreditam que os machos usam este sistema para afugentar seus rivais. O veneno não é mortal para os humanos, mas já registraram mortes de cães e outros pequenos animais como consequência do encontro acidental com um ornitorrinco.
Como acontecem poucos incidentes, o veneno foi pouco estudado e não existe um antídoto. A terapia consiste em acalmar a dor e o inchaço e tratar possíveis infecções com antibióticos. A ferida produzida pelo impacto do ferrão não produz muito sangue, em grande parte porque o veneno possui propriedades coagulantes. Por mais surrealista que pareça, as autoridades australianas dão conselhos sobre como pegar corretamente um ornitorrinco, no caso de haver a necessidade de prestar ajuda por estar ferido, para evitar sua picada. O importante é levantar o bicho pelo rabo de modo que suas patas traseiras não possam atingir a mão. Ainda que o melhor, insistem, é manter-se afastados destes simpáticos animais.
O veneno do ornitorrinco, conhecido como OVCNP-39, é tão estranho como a forma se seu dono. Contém proteínas e peptídeos diferentes dos que desenvolveram os répteis, e alguns cientistas pesquisam as possíveis aplicações que poderia ter na medicina. Desde sua descoberta em 1797 por David Collins no rio Hawkesbury, onde hoje é Nova Gales do Sul, a história do ornitorrinco, e sua estranha forma, está cheia de histórias.
Fonte
Para os criacionistas, "deus" estava doidão de ácido quando criou o ornitorrinco. Para os evolucionistas nem com muito ácido para entender a evolução do bichinho!
ResponderExcluirRESUMO DA HISTORIA: NÃO MEXA EM QUEM ESTÁ QUEITO!!
ResponderExcluirPior que é uma coisinha tão simpática...
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