22 de mai. de 2015

A vida na “Veneza dos pobres”

  • Um bairro nigeriano chamado Makoko que é um esgoto ambulante

Lamentavelmente seguem existindo lugares onde as palavras "precariedade" e "sobrevivência" adquirem uma conotação bem mais acentuada que o normal. Este é o caso da favela de Makoko, localizada em uma lagoa à beira do Oceano Atlântico, a poucos passos dos modernos edifícios de Lagos. 

Conhecida como Veneza da África, ainda que possa soar bonito, se trata de um dos subúrbios mais decadentes de toda a Nigéria, cujos residentes vivem na pobreza extrema e em condições que roçam a imundície.

Makoko é um assentamento urbano de um quilômetro quadrado construído de forma ilegal, cujas moradias estão completamente rodeadas de águas imundas não aptas para a pesca. Sua população é composta principalmente por trabalhadores imigrantes de todas as partes da África Ocidental.

Há aproximadamente 100 anos, Makoko era um tranquilo povoado pesqueiro construído por pescadores provenientes de Benin e Togo, que se assentaram ali para ganhar a vida, ainda que já pouco resta daquele tranquilo e saudável lugar:


A população da favela de Makoko aumentou gradualmente. Apesar de que não existem registros oficiais do censo, a estimativa é que atualmente residem em Makoko entre 150.000 e 250.000 pessoas.




As casas são construídas com madeira rústica ou de resto de construções, com o apoio de pilares do mesmo material. Cada moradia costuma acolher entre seis e dez pessoas que, em muitos casos, vivem de aluguel. Ou seja, há com certeza alguém abastado morando em uma boa casa em Lagos e alugando esses verdadeiros chiqueiros.

As famílias de Makoko vivem principalmente da pesca e da coleta de madeira. O meio de transporte mais comum são estas instáveis e estreitas canoas, que ademais são utilizadas para a pesca e como pontos de venda onde as mulheres vendem alimentos, água potável e artigos para o lar.

Durante décadas, os residentes de Makoko carecem de acesso à infra-estrutura básica como água potável, eletricidade e eliminação de resíduos.

A favela tem latrinas comunais que são compartilhadas por umas 15 famílias mais ou menos. Todas as águas residuais, excrementos e sacos de polietileno vão parar na água da lagoa, que nada mais é que um esgoto a céu aberto.

Isto explica o fétido cheiro das águas e por que seus habitantes estão continuamente expostos a riscos ambientais e problemas de saúde.





A única forma possível de obter água potável é comprando dos vendedores ambulantes, já que o governo não fornece água ou qualquer outro serviço em Makoko

Seus habitantes demandam a abertura de mais escolas que ofereçam a possibilidade de que, com o tempo, muitas pessoas possam sair dali



Atualmente só existem um punhado de pequenas escolas para atender às milhares de pessoas que vivem em Makoko. Uma delas é esta abaixo, construída sobre 250 barris de plástico reciclado, e que foi financiada pela ONU e uma ONG alemã



Em 2012, o governo demoliu um monte de casas flutuantes e outras estruturas ilegais, usando como justificativa os problemas de saúde e a falta de saneamento básico.

No entanto, muitos dos locais suspeitam que sempre existiu uma motivação subjacente: vender os terrenos a imobiliárias para obter uma farta soma de dinheiro

Os numerosos protestos e a repercussão mediática, fizeram com que o governo lançasse um plano de reconstrução, no qual proporcionará acomodações a 250.000 pessoas e emprego para umas 150.000. Mas o plano ainda continua apenas no papel.





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