29 de ago. de 2011

ATRÁS DO TRIO ELÉTRICO SÓ NÃO VAI QUEM JÁ MORREU – SERÁ?

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  • ATRÁS DO TRIO ELÉTRICO SÓ NÃO VAI QUEM JÁ MORREU – SERÁ?

Com toda essa invasão da mídia nacional e da exportação do Axé Music para o Brasil afora, é que a folia “momesca” de Salvador perdeu o status de Folia Baiana para Folia Turística. Aquele carnaval de caetanaves, fobicas, cordões e batucadas já era, hoje em dia o que se vê mesmo são “espaçonaves” faraônicas chamadas de trios elétricos. Camarotes por toda a extensão dos circuitos ocupando deliberadamente o espaço dos foliões da “pipoca” e gente de tudo quanto é canto do país e do mundo espremendo as “mioquinhas da terra” para fora desse universo.

O mais curioso é a velocidade dessa mutação, há pouco não existia carnaval em outro circuito se não o Osmar (que também não se chamava dessa forma), era simplesmente no centro. Tudo bem, a cidade cresceu apertaram as coisas por lá e existiu uma real necessidade de se expandir.
Então surgiu o circuito da Barra, esse rapidamente teve que ser esticado até Ondina e se consolidou como Circuito Dodô e de quebra apareceu o Circuito “Batatinha” no Pelourinho, que até então não era circuito algum, nem de coisa alguma, era apenas o centro histórico e servia de acesso para os foliões chegarem até a Praça Castro Alves.


Lá sim, na famosa praça do poeta, é que batia o coração do carnaval baiano, era onde fervilhava um belíssimo encontro de trios, tocados por artistas da terra e embalados por canções que falavam do carnaval baiano e da folia como: Chão da Praça (Moares Moreira), Atrás do Trio-elétrico (Caetano Veloso), Diabolô (Osmar Macedo) entre outras... E não somente de BEIJOS. Reparem que as músicas de hoje só falam em “beijo na boca”, se formos contar devem ter umas 300 delas, sem exagero, que falam sobre o tema e sem contar os apelos eróticos, tipo: Vou te comer, Raspadinha e Ketchup na Coxinha.

E por falar em beijo na boca, outra coisa que virou questão de vida ou morte para os foliões atuais, principalmente entre a garotada, é beijar na boca, a coisa banalizou de um jeito que ficou sem sentido. Agente ouve a “molecada” colecionando beijos como se fossem troféus ao final de cada dia de farra. A cantada, a paquera, o galanteio virou caretice... O lema agora é: Cala boca e beija logo!

Outra coisa que perdeu completamente a referência foi as indumentárias da galera, as mortalhas coloridas, as fantasias, as máscaras de caretas que somavam para a alegria e para o lúdico da festa deram lugar aos tão cobiçados e sem graçinhas “abadas”, com eles todo mundo fica igualzinho e sem ter muito o criar. Usar saltos no carnaval? Isso nunca, o legal era aquele tênis bem velhinho que tínhamos usado no ano anterior, já com o intuito de deixá-los “batidinhos” para o carnaval, hoje a mulherada quer mesmo é desfilar suas plataformas imensas na passarela da lama.

Faixas coloridas e trançadas na testa, estrelinhas no contorno dos olhos, purpurinas, colares havaianos, soltar serpentinas e jogar confetes... Ha, Há, Há... Que mico! Isso já era... O carnaval sofisticou. E quanto mais o camarote “sophisticate” melhor, neles você encontra de tudo: Spas, salão de beleza, pista de dança com DJ’s e a “bola” da vez: O “All Inclusive”. Agora se tiver um ator Global lá dentro... Arrasou!

O que sobrou mesmo para a baianada, foi apertar o orçamento para conseguir alcançar o nível social da invasão excursionista e disputar os espaços nos camarotes, blocos, feijoadas e ensaios, que são projetados especialmente para a gringalhada. Ou então, vender churrasquinhos de gato, sem espeto, porque o espeto está proibido, catar latinhas, colocar um isopor nas costas e vender umas latinhas de Brahma Fresh ou Skol e aproveitar o arrastão que Ivetão e Brown fazem na quarta-feira já nas cinzas do REINADO DE MÔMO para igualar a todos, nem que por alguns minutos na festa do MISTURAÊ.

O que dizem é que esse crescimento da indústria carnavalesca trás divisas para o nosso Estado. E que muitos baianos lucram direta e indiretamente trabalhando no carnaval e etc., etc., etc. Mas, a verdade é que dessas tais divisas, os baianos, não vêem nem a “cor”. E de fato o que aconteceu foi que perdemos o nosso carnaval.

Engraçado mesmo é lembrar que Caetano Veloso cantou por muitos carnavais os seguintes versos: - “Atrás do Trio Elétrico só não vai quem já morreu”. Hoje em dia ele bem que poderia refazer esses versos e cantar assim: “- Atrás do Trio Elétrico só não vai quem é baiano!”


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TEXTO - ANGELA CRISTINA - ANGELA CRISTINA



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