29 de abr. de 2012

Okunoshima, a ilha infestada de coelhos


  • A ilha onde coelhos selvagens se relacionam mansamente com humanos

Okunoshima é uma pequena ilha com cerca de 4 km de comprimento, localizada no mar interior do Japão e há 3 km da costa da cidade de Takehara em Hiroshima. 

A pequena ilha possui muitas atrações como acampamentos, trilhas para caminhada, lugares de interesse histórico, além de um campo de golfe, hotéis, piscinas públicas e a possibilidade de nadar na água limpa e cristalina que circunda a ilha, independentemente do nível da maré.

Porém existe outro fato que tem atraído turistas aos montes para a região: A pequena ilha virou o habitat de centenas de coelhos. Por este motivo, a Ilha de Okunoshima acabou ganhando um apelido: Usagishima, que significa literalmente “Ilha do coelho“. Apesar de serem selvagens, são bastante dóceis e já se acostumaram com a presença de visitantes na região.


Mas a pergunta que não quer calar é: De onde veio tantos coelhos? 

Na verdade, ninguém sabe ao certo de onde vieram, mas a teoria mais popular é que há 40 anos atrás, 8 coelhos foram levados para a ilha através de uma excursão escolar e com isso se presume que os coelhos existentes hoje na ilha, sejam descendentes deles.

Como sabemos, os coelhos se reproduzem rápido e não é a toa que são considerados símbolos da fertilidade. Hoje, estima-se que resida mais de 300 coelhos na pequena ilha e a população não para de crescer. Muitas famílias, especialmente com crianças vão até a Ilha passar um dia agradável com os coelhinhos. São tão dóceis que podem ser vistos comendo diretamente das mãos dos turistas.


  • Doku Gasu Shima” (Ilha do Gás Venenoso)

Mas, não é só os coelhos que chamam a atenção na Ilha. Ela faz parte de todo um contexto histórico e cultural e apesar de pequena, desempenhou um papel fundamental durante a Primeira Guerra Mundial, devido a instalação de uma fábrica secreta para produzir gás venenoso para ser usado em guerra química e isso lhe rendeu o apelido de “Doku Gasu Shima” (Ilha do Gás Venenoso).

Consideravam o local ideal para a fabricação de armas e a fábrica operou de 1929 até 1945 de forma secreta. E para isso, o Império japonês ordenou que a Ilha fosse removida de todos os mapas oficiais. Durante o seu período de atividade, a unidade produziu mais de seis mil toneladas de gás e apesar de estar extinta e abandonada por quase 40 anos, seu legado infame e sombrio ainda continua.


  • O passado sombrio da Ilha de Okunoshima

Unidade 516 era um programa especial de pesquisa responsável pelas operações e pesquisas envolvendo armas químicas. Pessoas que trabalhavam nessa operação, perderam suas vidas em consequência da falta de equipamentos de proteção.

Outros poucos sobreviventes, ainda sofrem com os efeitos colaterais da exposição durante o processo de fabricação. Acredita-se ter lançado pelo menos 889 ataques químicos originários de Okunoshima, durante a ocupação da China, resultando na morte e mutilação de dezenas de milhares de pessoas.

Alguns dos agentes químicos mais letais de guerra produzido pela unidade 516 foram: gás mostarda, levisite, hidrogênio fósforo e cianeto de fosgênio. Apesar de abandonada, a ilha ainda abriga há mais de 100 anos, os laboratórios, edifícios de armazenamento e a fortaleza.


  • Poison Gás Museum

O museu foi inaugurado em 1988 e seu lema é tem uma mensagem que diz: “Gás venenoso é ruim. Vamos rezar pela paz” e possui apenas dois salões que retratam os acontecimentos da época em que a fábrica ainda estava em funcionamento, fornecendo uma visão geral da construção da planta, as condições de trabalho e os efeitos de gás venenoso em seres humanos.

Muitas famílias de trabalhadores sofreram os efeitos secundários das duras condições de trabalho e eles doaram inúmeros artefatos para ajudar a contar a história do sofrimento dos trabalhadores durante o manuseamento do gás, sem equipamentos de segurança adequados, fazendo com que inalassem o gás venenoso.

O segundo salão mostra como gás venenoso afeta o corpo humano através da pulmões, olhos, pele e coração. Imagens de vítimas do Iraque e do Irã foram adicionadas ao museu, para mostrar que os efeitos do gás venenoso e armas químicas em geral são devastadoras para as pessoas e não deve ser usado em qualquer guerra.

Muitas pessoas não conhecem o papel ativo que a ilha desempenhou na criação de gás para a produção de armas químicas, devido ao sigilo na época. É por este motivo que o museu foi criado: informar ao mundo sobre a postura agressiva que o país adotou. O museu é voltado principalmente para o povo japonês, mas traduções em inglês são fornecidos no resumo geral de cada seção.


Saindo do museu, podemos olhar em volta dos campos e ver crianças perseguindo coelhos com cenouras e pedaços de alface, tudo muito surreal e estranho ao mesmo tempo. Parece que a ternura dos coelhos abrandam um pouco o passado nefasto do local. Não há dúvidas que Okunoshima é realmente um lugar contraditório, porém incrivelmente interessante, onde as emoções se confundem.

Para quem quiser visitar a pequena llha de Okunoshima, ela é acessível por balsas que saem de Tadanoumi e Ōmishima. Se quiser saber mais sobre a famosa Ilha do Coelho, assista ao documentário abaixo feito pela TV japonesa.





Assista ao vídeo: 

 


 Vídeo nas ruínas da fábrica:


 




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