ELOS DE UMA VIDA



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"Elos de uma vida" é uma empolgante história de cinco jovens que são guiados por um livro misterioso. Esse livro narra todo o presente e futuro de cada um deles. Fatos extraordinários acontecem e muda a todo o momento o caminho que cada um deve seguir.
Tudo começa quando o personagem central, Nick, conhece um desses jovens e por ele é levado para uma reunião. Lá acaba descobrindo que sua vida nunca mais será a mesma depois daquele encontro com sua guia e mestra.

Ele é apresentado a um mundo fantástico onde a magia e o poder da mente são seus principais combustíveis. Com eles Nick se envolve numa teia de acontecimentos que o leva a uma praia e ele tem pouco tempo para descobrir como sair dessa loucura que sua vida se tornou, antes que só lhe reste a morte.

Uma história com muita aventura, mortes inexplicáveis, assassinato, amor, amizade, misticismo e uma busca incessante sobre o EU interior e os laços que os unem.

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CAPÍTULO I


   Eram 11h da noite, Nick encontrava-se sozinho na praia do Porto da Barra em Salvador, Bahia. Estava com um livro nos braços, o livro da sua vida. A chave das respostas do seu passado, presente e do seu futuro. Um livro, um único livro, fez um garoto virar adulto da noite para o dia, mas ele, somente ele, tinha acesso ao verdadeiro significado do livro. Era um enigma e ele tinha que descobrir a resposta sozinho.
   Nick chorava compulsivamente, não entendia o que estava acontecendo contigo. Tudo parecia brincadeira. A noite era a mais linda que já havia visto em sua vida, mas dentro de si, tudo era confuso. Muitas imagens passavam ao mesmo tempo em sua cabeça. Ele não entendia mais nada, não sabia quem era.
   Nessa confusão em que se encontrava, Nick levantou-se da areia e foi em direção ao mar, ergueu o livro para as estrelas e começou falando baixo, até que o tom de sua voz foi aumentando, aumentando e transformou-se num tom tão abafado que chegava a ser inaudível.
- Deus! Eu estou aqui com esse maldito livro. O livro que destruiu minha vida - recomeçou a chorar - porquê... porquê fez isso comigo? ... Será que não percebe que tudo isso me destruiu? – sua voz foi ficando rouca e ele gritava – Porraaaaaa! Quem sou eu? ... Eu amaldiçoou a quem escreveu este livro... Deus! Oh, Deus! Tire-me daqui. Eu não sou mais ninguém. Quero a minha paz novamente, me sinto muito sozinho...socoooorro ...alguém ... alguém me ajude. Eu não estou suportando essa dor – sua voz era uma súplica angustiante.
   Nick sem aguentar mais nada e sem forças caiu na areia de joelhos e sentiu a água gelada bater em seu corpo. O mar estava calmo, a noite estava serena e seus pensamentos eram rondados por fantasmas do passado. Ele queria descobrir como tudo aquilo tinha acontecido e qual fora seu início. “Onde estava aquele rapaz alegre, cheio de vida, cheio de amor?” Esse era seu maior questionamento, tinha que achar uma resposta para aquilo tudo, pois estava acreditando que estava a um passo da loucura. E isso foi sempre a sua maior preocupação, sempre gostou de ter absoluto controle de sua cabeça, mas era tudo inexplicável para ele e tinha medo que sua vida se fechasse e não encontrasse mais uma saída. Nick deitou-se na areia úmida e, aos poucos, sua mente foi se acalmando. Ele estava sozinho com seus pensamentos e sabia que não podia se entregar ao desespero, o seu fim encontrava-se muito próximo, tinha que achar o começo de tudo. Começou, então, a buscar imagens do seu passado, cada uma mais e mais distante do que a outra. Lembrou-se da sua infância, adolescência, primeiro amor, e seguiu nessa busca vasculhando cada centímetro de sua mente. O tempo parecia que tinha parado, o passado se misturava com o presente, de tal maneira, que ele tinha a sensação de que os dos eram uma única coisa. O medo, a solidão, a tristeza, a melancolia, a falta de discernimento, a morte, tudo aquilo era uma mistura homogênea dentro de sua alma. Há muito que a paz deixou de rondar sua mente e ele tinha a obrigação de achá-la no grande vazio que tinha tomado sua vida.
   Ele sentia que tinha que se encontrar novamente, pois sua única vontade naquele momento era morrer e o tempo estava se esgotando...


CAPÍTULO II

   Eram três horas da tarde, o céu estava acinzentado, um tanto quanto nebuloso. Nick saia de casa para encontrar seus amigos. Nick Villa Verde tinha 16 anos, era alto, magro, olhos e cabelos castanho claros, tinha uma aparência imponente. Aparentava mais idade e era a sensação das garotas do seu bairro. Era um rapaz alegre e cativante, tinha um carisma que impressionava qualquer um, aonde chegava era sempre o centro das atenções.
   Ele olhou para o céu a sua volta e começou a rir.
- Ó cara, não adianta me dá um céu tão nebuloso, estou alegre e isso é tudo.
   Seguiu seu caminho cantarolando uma música que nem mesmo sabia o que estava cantando. Era interessante vê aquela cena, o dia estava por si só, triste, sufocante. As nuvens pareciam que estavam prontas para engolir um a qualquer momento. Mas, Nick era o oposto a isso. Estava alegre e confiante de si mesmo. Era o Nick de sempre, alegre, brincalhão, determinado e com uma autoconfiança que era de se dá inveja a qualquer um.
   Estava em sua andança cantarolando, estava indo encontrar seus amigos. Não tinha motivo algum para estar alegre, mas também não tinha motivo algum para estar triste. Seguiu sua trajetória a pé. Sua casa ficava a um quarteirão do local onde se encontraria com seus colegas. Nick era um rapaz muito bonito e onde passava as mulheres enlouqueciam, gostava dessa sensação de ser observado a todo o momento. Ele tinha noção de como chamava atenção e aquilo lhe agradava imensamente. Algum momento depois encontrou seus amigos. Rick e Paulo. Paulo Pereira tinha 16 anos, estudava com Nick no mesmo colégio e já se conheciam há muito tempo. Era um rapaz negro de estatura mediana que tinha um olhar que hipnotizava qualquer um. Rick Santilux tinha 23 anos, era loiro, olhos verdes, barba rala loura e o melhor amigo de Nick. Ganhava a vida como modelo fotográfico. Por isso era sempre uma festa quando encontrava com Nick, pois por causa da sua profissão só vivia viajando.
- Olá Rick! Meu Deus, eu fico impressionado. A cada dia que passa você fica mais bonito e isso é péssimo, daqui a pouco nenhuma mulher vai olhar para mim.
- Oi maluquinho. Estava morrendo de saudades. Adoro você, cara.
- Paulo, o que é isso?  - Nick olhou-o com um ar misterioso.
- Que foi garoto, aconteceu alguma coisa?
- Nada seu bobo, estou brincando – começou a rir – venha me dá meu abraço.
   Paulo abraçou Nick e disse: “você não muda nunca”. Eles ficaram, ali, conversando um tempão. Falaram das aulas, das garotas, do trabalho de Rick e, principalmente, como Nick faria para sair à noite já que seus pais estavam de marcação com ele. A conversa com eles era sempre divertida. Nick pegava no pé de Rick a todo o momento, era um gozador. Rick já nem ligava mais, sabia como era o amigo e se entregasse o jogo ia ser pior, por isso entrava na brincadeira.
   Algum tempo depois, uma Blaizer branca parou ao seu lado. Nick ficou de imediato desconfiado. Do carro desceu dois homens e uma mulher. Nick ficou fascinado com aquela mulher. Era a coisa mais linda que já havia visto em sua vida. Ele, em poucos segundos, fantasiou tanto que pareciam horas que se encontrava naquele devaneio. A voz de Rick foi que o trouxe para a realidade.
- Olá rapazes! Pensei que não vinham me pegar.
   Os rapazes se aproximaram e abraçaram Rick. Neste momento, Nick sentiu algo estranho dentro dele e seus olhos encheram de lágrimas, começou a se tremer todo. Era um sentimento, no mínimo, conflitante. Ele não entendeu porque aquelas pessoas estavam lhe causando aqueles sentimentos. Quê forças existia dentro deles que o deixava tão confuso e perdido? Qual seu significado?
- Nick! ... N-i-c-k ... acorda. Quero apresentar uns amigos.
- Ah? É comigo?
- Está em que planeta, garoto?
- Um planeta chamado Nick – começaram todos a rir. Nick em especial tinha um riso leve e, ao mesmo tempo, tenso. Queria entender porque estava se tremendo todo – Olá galera! O que vocês mandam?
- Nick, estes são Allan e Weslley e esta gata linda é Fernanda, ela é americana.
   Nick cumprimentou a garota com um inglês tão sujo que todos voltaram a rir. Ele, no riso mais cínico, comentou com os rapazes “só espero que vocês não sejam russos”. Neste momento o riso foi geral.
- Olha cara, seja lá quem for, gostei de você de graça – disse Weslley.
- Também concordo, você é muito divertido – disse Allan.
   Não tinha mais o que fazer, todos estavam rindo. Paulo brincava com Nick, chamando-o de palhaço. Rick agarrou Nick pelo pescoço e subiu em suas costas, enquanto ele não conseguia parar de rir. As pessoas passavam na rua e não entendiam nada, aqueles rapazes pareciam crianças. Continuaram na maior brincadeira sem se importar com olhos curiosos das pessoas. Allan, então, chamou Weslley no canto e falou baixinho “Esse é o garoto que andamos a procura, temos que levá-lo conosco”. Weslley balançou a cabeça consentindo
- Nick! Vou dá uma festa em meu apartamento hoje a noite, não quer ir?
- Desculpe, seu nome é ...
- Weslley.
- Se não for muito longe, eu topo.
- Não cara, é perto. Barra Avenida – este é um bairro de classe alta de Salvador, situado perto da orla.
- Ótimo! Vou inventar uma boa desculpa para meus pais e vou. Agora ... como faço para chegar lá?
- Mando um carro ...ou melhor, eu o pego pessoalmente – disse Allan.
   Eles continuaram ali por algum tempo conversando. Nick olhava para os estranhos na maior admiração, tentando descobrir coisas sobre os três, tanto nas suas aparências, como também no modo do qual eles falavam.
   Weslley Shoi tinha 21 anos, era um empresário muito rico, toda sua fortuna vinha da herança de sua avó, era moreno claro, olhos verdes e era a cara de Nick. Pareciam irmãos gêmeos.
   Fernanda Portanfield tinha 22 anos, jornalista do The New York Times, alta, magra, loira de olhos azuis. Muito inteligente e fazia o estilo de mulher fatal.
  Allan Chevisck tinha 19 anos, sócio de Weslley, era branco, cabelo castanho, olhos acinzentados e era uma pessoa calma que transmitia paz a todos que com ele conversasse.
   Nick continuou com sua busca, fascinado com eles. Estava já em casa e não conseguia parar de pensar naquelas pessoas. Começou a ficar ansioso pela noite que ia ter. Ela prometia, dizia ele, sem mesmo saber o porque. Tinha uma ligeira impressão que sua vida mudaria depois daquele dia. Estava com essa sensação desde que acordou, agora sabia que estava certa sua intuição, mas não poderia nunca imaginar o que estava preste a acontecer. Ficou preocupado. Ele sempre encarou a vida de uma maneira muito racional, e por mais que tentasse fazer isso não obtinha respostas. Sentiu novamente aquela tremedeira no corpo, ficou tonto e se deitou na cama. Acabou apagando e dormindo. Quando acordou faltavam menos de trinta minutos para o horário que Allan disse que iria pegá-lo. Ele se levantou rápido, parou em frente ao guarda-roupa, fitou suas roupas por um tempo e acabou decidindo por uma calça jeans clara e uma camisa preta de moletom. Correu para o banheiro e tomou o banho mais rápido de sua vida. Quando estava pronto deu de cara com sua mãe.
- Vai pra onde, rapazinho?
- Minha mãe ... – estava confuso, mas desatou a falar rápido - vai ter uma festa aqui perto do pessoal da escola ... e ...
- Mas, porque não avisou antes?
- Mãe ... estou feliz porque ... – de repente Nick ouve a buzina do carro de Allan – Mãe, tenho que ir.
- Filho espere ... eu ...
- Mãe, conheci a garota de minha vida – saiu de casa gritando igual um louco.
- Nick, vê se ...
- Já sei mãe, não volto tarde. Beijos ... eu amo MINHa vidaAAAAA.
   Allan no carro vê Nick saindo de casa gritando e pulando. Naquele momento passou por sua cabeça “Tinha que ser realmente ele. Me parece ser a pessoa ideal... como ele é doidinho”. Seus pensamentos foram cortados por um beijo no rosto.
- Olá, Allan! Ahhhhh – gritou – nunca estive tão bem em minha vida.
- Quê alegria, rapazinho! O que aconteceu, viu passarinho colorido?
- É que... não sei bem explicar, apenas estou feliz.
- É bom saber disso. Essa noite vai ser muito importante para nós. Há muito tempo que estamos esperando uma pessoa que nem você e agora é chegado à hora. Você não sabe quantas descobertas vai haver em sua vida daqui para frente.
- Como assim, que descobertas são essas?
- Se eu te contar agora deixará de ser surpresa. Garanto que vai gostar muito.
- Acho que é por isso que estou tão contente, acho que minha mente já sabe o que é, e por isso estou com essa sensação maravilhosa dentro de mim.
- Pode ter certeza que sim.
   Os dois saíram dali e um foi falando de si para o outro. Nick estava tão entusiasmado que parecia que tinha realizado o maior sonho da vida dele. Allan o observava na maior discrição, não queria que ele desconfiasse que estava o analisando. Nick, por sua vez, não percebia nada, apenas falava e falava. Estava contando de suas aventuras, de como tinha que mentir para os pais para poder viajar e curtir a vida. “Sabe como é, sou muito novo e meus pais não deixam eu ir para todos os lugares, mas tenho a necessidade de viver intensamente e o mais rápido possível. Tenho a sensação que teria que ter dez vidas para viver tudo que quero”.


CAPÍTULO III

   Nick continuava deitado na areia com a voz de Allan dentro dele se repetindo sem parar “você não sabe quantas descobertas vai haver em sua vida daqui para frente”. Ele pensou nesta frase e viu que foi o início de tudo e voltou a chorar “Então, foi aí que tudo começou ... descobertas ... desco ...” Sentiu-se engasgado e o choro ficou mais forte.
- Ei ... cadê você? – olhando pro céu – Sempre achei que você fosse meu amigo, e então, onde está você “cara lá de cima”? Porquê deixou que tudo isso acontecesse... o que quer de minha vida, o que quer de mim?  ... Achas que sou tão forte assim, pois não sou. Não quero ser ... porque me deixou sozinho, porque afastou todos de mim, porquê,  porquê ?
   Nick sentia-se numa solidão tão grande que tinha certeza que todos haviam morrido e só ele ficara vivo na terra. Ele olhou para si mesmo e começou a ter pena. Tornou-se um garoto de 20 anos, frágil, triste e com muito medo de seguir em frente. Sabia que o que tinha perdido jamais encontraria novamente, agora era só ele e mais ninguém. Seu mundo há muito que havia se transformado, mas de todas as mudanças àquela última era a pior de todas, estava só.
   Voltou a pensar no início de tudo “Preciso descobrir uma saída, tenho que entender e achar forças para seguir em frente”. Neste momento já se passava da meia noite, seu corpo tremia todo de frio, sua alma tremia toda de frio, mas Nick não se importava, nem mesmo percebia aquilo tudo. Só queria analisar tudo o que acontecera e achar uma saída mais rápida possível.
   Parou de chorar e tentou se concentrar no único objetivo que lhe restou, esmiuçar o seu passado. Neste instante seu corpo começou a tremer todo, a cabeça a dar pontadas, o nariz começou a sangrar, ficou tonto. Ele sabia que aquilo não tinha cura e teria, mais uma vez, que conviver com mais aquele fantasma. A dor era quase incontrolável, sua cabeça parecia que ia explodir, mas aquela dor era passageira e ele aguentou.
- Droga! Será que não vou ter paz? ... Preciso me livrar dessa maldita tremedeira e dessas pontadas na cabeça ... não adianta, meu caro Nick. Você, mais do que ninguém sabe do seu problema e sabe que não tem solução. Então, seu porra, bote essa cabeça para funcionar e me tire dessa loucura. Você não foi treinado arduamente? ... Pense, pense ... agora só tem você, cara. É só você contra nessa selva aí fora, contra seus próprios demônios.
   Sua blusa estava toda suja de sangue. As lágrimas se misturavam com o sangue que escorria pelo nariz. Nick olhava para si mesmo e não acreditava, estava se tornando natural sangrar daquela maneira. Ele tentou relaxar, viu que o sangue não parava, deitou novamente na areia da praia, fechou seus olhos, tentou pensar só em coisas boas, mas logo percebeu que há muito tempo que não aparecia coisas boas para ele. Deu um aperto no seu coração, sentiu que ia chorar novamente e se conteve. Precisava manter o autocontrole e sua sanidade em perfeito equilíbrio. Relaxou mais uma vez e mergulhou novamente no passado, o passado que poderia salvá-lo.


CAPÍTULO IV

   Nick estava parado em frente ao prédio de Weslley boquiaberto, jamais poderia acreditar no que estava vendo.
- O que foi, garotinho? – disse Allan.
- Weslley mora neste edifício de luxo?
- Sim.  Ele mora aqui. Weslley tem muito dinheiro. O apartamento dele é um triplex.
- O que?
- Vamos garoto você vai adorar. Lá dentro é um lugar fantástico. Garanto que você nunca viu nada igual.
   Nick não hesitou e quis chegar lá o mais rápido possível. Entrando no apartamento, Nick ficou assustado, era tudo muito espaçoso e bem decorado. As paredes tinham cores diferentes, cada cômodo era decorado de um estilo. O que chamou mais a atenção dele foi um anjo imenso que jorrava água pela boca. Era a coisa mais linda que viu em sua vida. A casa era toda mística, por onde passasse tinham cristais, pedras, incensos, bruxas, duendes e anjos por todos os lados.  Ele começou a olhar detalhadamente para tudo ao seu redor. Os quadros eram todos com molduras pretas e retratavam o abstrato ou, então, figuras geométricas. Os vasos eram enormes e cheios de desenhos místicos. Na sala não tinha muitas pessoas, apenas um grupo de cinco conversando num canto.
   Allan chamou-o dizendo que eram esperados na cobertura. Ele imediatamente seguiu Allan pelo apartamento, cada vez mais encantado. Ele tinha uma sensação estranha, nunca esteve ali, mas parecia estar em casa e começou a rir sozinho.
   Passou por todos os três andares do apartamento. Cada local era uma surpresa maior, aquilo era algo fantástico para ele, nunca tinha visto de perto um ambiente tão calmo e tão acolhedor. Sentia-se em paz.
   Chegando na cobertura encontrou Rick, Weslley, Fernanda e uma outra mulher que ele a achou de cara, misteriosa. Ela se chamava Angel Carreira, tinha 27 anos e era uma pintura feita à mão, parecia uma deusa. Era morena, tinha cabelos lisos pretos que pareciam à escuridão da noite.
- Oi gente, cheguei. Pensaram que não vinha? ... Pois estou aqui.
- Tinha certeza que viria – disse Weslley – tenho aqui uma pessoa que está doida para te conhecer. Pausa. Está é a nossa alienígena Angel.
- Prazer marciana.
   Ela encostou-se a ele e com uma voz que parecia vim do além disse:
- O prazer é todo meu, terráqueo.
   Todos começaram a rir. Nick olhou Angel no fundo dos olhos e, sem mesmo saber o porque, disse que sabia do grande segredo dela.
- Como? – disse Angel.
- Sei que você não é daqui... da terra.
- Pode ser.
- E também sei que você está querendo alguma coisa comigo.
- O que, por exemplo?
   Nick ficou pensativo por um momento e disse:
- Não sei porque estou dizendo essas coisas, mas estar saindo de dentro de mim sem eu pensar. Tenho a sensação de poder vê tudo pelos olhos dos outros. Sempre tive isso, porém agora é diferente, está mais forte. Não consigo controlar – e num tom desesperador falou para Angel - O que você está fazendo comigo?
   Angel olhava para ele fixamente, como se estivesse querendo passar para dentro de sua própria alma.
- Nada.
- Fale a verdade. Tem algo estranho, estou vendo nos olhos de vocês – começou a se tremer todo e o nariz a sangrar.
- Calma Nick, aos poucos vai ficar sabendo de tudo e vai perceber que é um garoto de muita sorte – disse Allan.
   Nick ficou apavorado, sentiu as lágrimas rolarem pelo rosto. Tentou sair dali correndo, mas seu corpo não se mexia. Olhou novamente para Angel, sentiu-se tonto e desmaiou.
 Já era dia quando Nick acordou, ele estava muito tonto e tinha um pequeno lapso de memória. Ao seu lado estavam Allan e Weslley. Nick estava deitado numa cama grande no quarto de Weslley.
- O que aconteceu?
- Calma Nick! Você passou mal e desmaiou. Agora está tudo bem. Vamos cuidar de você.
- Quem são vocês?
- Vai ser difícil você acreditar, – disse Allan – mas só vai depender de você ter coragem suficiente para isso.
- Quero saber de tudo... não sei porque, mas sinto que depois dessa conversa não serei mais o mesmo.
- Está preparado?
- Preparado para quê? Não sei o que vocês querem, então, como posso está preparado para o desconhecido?
- Quer entender seu destino, seu passado, seu futuro e até mesmo suas vidas passadas?
- Esta bem. Acho que não tenho muitas alternativas. Vocês me cercaram de uma maneira que não me resta mais nada a fazer. Pode começar.
- Bem, Nick. Em primeiro lugar você é médium, consegue ver o passado e o presente das pessoas e, às vezes, até mesmo, o futuro. Você a partir de hoje estará ligado a nós pelo resto de sua vida...
- Como assim, ligados a vocês pelo resto de minha vida, vocês são de alguma seita, são bruxos, como me acharam?
- Nick! – começou a falar Weslley – Há muito tempo atrás, um velho me deu um livro e me disse que só poderia ler este livro quando realmente sentisse vontade, pois é Nick, esse livro vem falando de tudo da minha vida e de mais algumas pessoas... e você está nele ...e
- O que? Vocês estão loucos, acham que vou mesmo acreditar numa história dessa? O que vocês estão querendo de mim de verdade? Acham mesmo que vou acreditar numa história tão ridícula?
- Calma, garotinho, você pode até achar entranho. Tem muitas coisas que nós não conhecemos. A vida é cheia de mistérios e nós nos acostumamos a sermos muito racionalistas e isso vem nos prejudicando no nosso desenvolvimento espiritual, eu estou dizendo...
- Dizendo uma ova, quero ir embora daqui agora. Vocês são todos loucos e eu não vou entrar numa dessas. Vocês querem me deixar confuso com tudo que acredito, mas não vão conseguir. Não me procurem nunca mais, sumam do mesmo modo como vocês apareceram.
   Neste momento entrou Angel. Ela passou por todos e colocou a mão em cima da cabeça de Nick. Como num passe de mágica, ele se acalmou instantaneamente e ficou olhando para ela, fascinado.
- Nick, escute bem o que vou te dizer. Sou a guru de todos eles e serei a sua também. Você tem uma missão aqui na terra e chegou à hora de você tomar conhecimento de tudo que se diz respeito à sua vida. Você terá que passar por grandes provações. Terá quer ter mais forças do que imagina. Tem que aprender a ser grande e eu vou te guiar para todos os caminhos que tenha que seguir. Você agora estará mais seguro.
- E se eu não quiser?
- Bem, aí você terá que sofrer sozinho, pois não poderá mais fugir disso. Chegou o momento, Nick. É este o seu momento. Precisa estar preparado para a grande batalha que virá. Se você deixar, vou te treinar. Vai aprender a fazer uma porção de coisas que jamais imaginou que fosse possível, e te tornar um mestre na arte da magia, e aí...
- Mestre, mas do que você está falando? Eu não entendo. Isso é coisa de cinema, não existe na vida real.
- Bem Nick, nós trabalhamos com a filosofia espiritualista, com o poder da mente, com os elementais da natureza, com cura através das mãos e das palavras, e com a magia.
- Eu tinha certeza, vocês são bruxos.
- Não da maneira que você está pensando. Olha, você tem conhecimento de muitas coisas, desde pequeno você vê fatos estranhos e sente coisas estranhas em relação aos outros, não é verdade?
- Sim, mas isso não quer dizer que embarque na loucura de vocês. Isso me parece mais uma lenda.
- Certo, e por falar em lenda, você sabe que pertence a uma delas... “O sétimo filho da sétima filha”. Você conhece essa historia?
- Como sabem disso?
- Não é verdade?
- Sim. Sou o sétimo filho e minha mãe é a sétima filha, mas o que tem...
- Tudo. Se você se lembra, a pessoa que nasce nessas circunstancias, veio aqui para cumprir uma missão. Irá sofrer muito e tem que está preparada para a grande batalha. Sua missão é superar tudo e ajudar os outros a crescerem espiritualmente. Quando tomou conhecimento dessa profecia você, de primeira, achou ela muito parecida com sua vida, mas quis tirar logo isso da sua cabeça, pois essa profecia tinha algo muito diabólico e não queria pensar, de hipótese alguma, que pudesse fazer parte de sua história, porém isso é uma interpretação completamente equivocada da profecia. Você procurou ler tudo sobre essa história, ela te fascinava e, logo depois, descobriu que era o sétimo filho da sétima filha. No início ficou muito perturbado. Depois tentou esquecer, achando que era apenas algo que alguém, num passado muito distante, havia criado.
- Chega. Estou me sentindo mal. Deixe-me ir embora. Isso tudo é muito louco. Não consigo mais raciocinar, me sinto como se estivesse drogado. Minha cabeça doe, meu corpo doe e não consigo entender isso tudo. Quero ir embora, preciso sair daqui. Deixe-me em paz. Vocês são todos lunáticos e não quero participar dessa loucura. Quero minha vida do jeito que ela é, e não vou aceitar uma mudança dessa, tenho certeza que vai ser para pior. E se há uma coisa que detesto em minha vida é me arrepender das coisas que venha a fazer e dar errado. Sempre vou para o lado que sei que vai ser o melhor. E essa
sua proposta me cheira a coisa ruim. - Sua cabeça estava muito confusa e ele não sabia realmente o que queria. - Não quero mais ficar aqui, tchau.
- Ok! Pode ir embora, mas verá que estamos falando a verdade, Nick. Não tem como se esconder mais. Passou a vida inteira bloqueando as coisas fantásticas que acontecia contigo, mas agora não dar mais, não tem como se esconder de si mesmo. Seu corpo pede isso, sua alma pede isso e você sabe que estou falando a verdade. Esse caminho já foi escolhido há muito tempo e só ele pode te ajudar a crescer espiritualmente. Aceite, Nick. Nós seremos a sua família daqui por diante. Você não tem outra escolha, é o seu destino e disso não conseguirá fugir. Agora, pode ir embora, mas tenho certeza que vai voltar para descobrir mais e estaremos te esperando.
   Nick ficou sem saber o que pensar. Saiu dali correndo e voltou para sua casa. Sua cabeça fervia com tudo que ouvira. Ele ficava repetindo que tudo aquilo era loucura, mas uma voz lá dentro ficava repetindo: “agora você entende o porque de tantos acontecimentos em sua vida”. Um lado dele dizia que sim e o outro dizia que não. “Como aquilo tudo começou?” Estava num momento feliz e em seguida foi bombardeado por informações que eram muito novas para si mesmo. Não sabia o que fazer e nem que atitude tomar. Decidiu esquecer aquilo tudo, tinha que tentar viver sem lembrar mais daquilo. Começou encarar como se fosse um pesadelo, era a melhor coisa a se fazer. Não podia comprometer seu futuro com idéias malucas. Pegou um valium de sua mãe e tomou. Deitou-se na cama e começou pensar em outras coisas, mas aquelas cenas vinham sempre a sua mente. Sentiu que estava ficando angustiado, sua cabeça começou a doer muito, seu corpo estava com febre, começou a sentir frio, entrou em desespero e começou a rezar. Pedia, sem parar, que tudo aquilo desaparecesse. O medo tomou conta de seu espírito, ele estava mais apavorado. “Vamos remédio faz logo efeito, não quero ficar pensando nisso, estou enlouquecendo. Quero dormir. Senhor, afasta de mim esse cálice, afasta esses pensamentos da minha cabeça, meu Pai. Não deixa que esses fantasmas atormentem o meu espírito, não os deixem tirar minha paz”. Seu corpo foi ficando dormente, não conseguia mais formular frases em sua mente. Estava atordoado. E, sem mesmo perceber, sua mente foi ficando vazia e ele adormeceu.


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