- A história conta pouco mais de cem incidentes como estes
Rochom P'ngieng, foi uma menina selvagem cambojana nascida em 1979 que sumiu de casa quando tinha apenas 9 anos de idade e se perdeu na selva. Apareceu somente 19 anos depois, em 19 de janeiro de 2007.
O anúncio de seu aparecimento chamou a atenção da mídia internacional. Sua história foi equiparada com a de Mogli, protagonista do livro Rudyard Kipling, e ficou conhecida como "a menina da selva" já que se criou como uma menina selvagem.
Rochom perdeu-se na floresta próxima do sítio de sua família enquanto tomava conta dos búfalos com um primo. Foi descoberta 19 anos depois por um camponês quando tentava roubar comida em seu celeiro. O camponês entregou a moça à polícia local, dando-se a casualidade que um dos policiais locais era seu pai, que reconheceu nela uma cicatriz em suas costas. Os pais, no início, aceitaram submeter-se a testes de DNA para comprovar o parentesco, mas posteriormente revogaram seu consentimento.
Quando foi encontrada, a mulher tinha a pele suja e o cabelo desgrenhado até os calcanhares. Desde seus primeiros dias após ser achada começou a ter problemas para adaptar-se à civilização. Não sabia mais falar, emitia rosnados e se negava a usar roupas.
Os policiais locais informaram que somente podia dizer três palavras, as correspondentes a “papai”, “mamãe” e “dor de barriga”. Preferia caminhar de cócoras em vez de erguida. Quando tinha fome ou sede, apontava a sua boca. Tinha que ser constantemente vigiada por sua família, já que continuamente tentava fugir, e sua mãe voltava a pôr a roupa que a mulher teimava em tirar.
Um jornalista do diário britânico The Guardian "levantou a lebre" de que, além da cicatriz que permitira a sua identificação por parte de seu possível pai, Rochom tinha outras cicatrizes, ainda mais notórias, e conspirou que suas extremidades não pareciam ter marcas de que tivesse vivido longo tempo na selva.
Disse também que ela aprendeu a utilizar uma colher sem que fosse instruída e que acreditava que eventualmente ela poderia ter sido vítima de cativeiro no passado da própria família.
Pronto, foi o necessário para que uma organização de direitos humanos, Licadho, manifestasse seu temor pelo trauma que sofreria a mulher por seu regresso à vida civilizada enquanto especulava que podia ter sido vítima de abusos. Por sua vez, outra organização humanitária local, Adhoc, sustentou que o fluxo de visitantes podia acarretar estresse a Rochom. Ambos grupos ofereceram seu apoio para pagar despesas médicas para seu diagnóstico e tratamento.
Em 25 de maio de 2010 Rochom desapareceu e a mídia informava que teria fugido novamente com destino à selva sem deixar rastros. Seu pai disse que ela foi tomar um banho no poço atrás de sua casa e não retornou.
Mas, Rochom foi encontrada 11 dias depois em uma latrina a uns 100 metros de sua casa, segundo seu pai, Sal Lou. Um vizinho escutou-a chorando na fossa a 10 metros de profundidade:
- "É uma história incrível. Passou 11 dias ali, ninguém entende como sobreviveu", disse, acrescentando que estava empapada de resíduos até o queixo.
- "Ainda estamos pensando como conseguiu entrar ali", comentou. O banheiro ao ar livre, no caso, era apenas um buraco coberto de madeira, como as "antigas casinhas".
Rochom foi internada em um hospital depois de ser resgatada da fossa, mas tão logo cessou a ação do calmante, arrancou uma sonda intravenosa administrada por um médico e se negou a outros tratamentos.
Em setembro de 2010, relataram que ela estava aprendendo hábitos de saúde e habilidades sociais com membros da ONG Psicólogos Sin Fronteras. Já em maio de 2011 um relatório da mesma organização acrescentou que ela foi visitada pelos psicólogos pelo menos uma vez por semana.
No entanto Rochom preferiu continuar distante da sociedade. Hoje ela vive e dorme em um pequeno galinheiro perto da casa da sua família, que visita a cada três ou quatro dias para se alimentar. Ela ainda não fala, mas começou a fazer contato visual com algumas pessoas.
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