Abdul Mallik é um exemplo de perseverança e demonstra verdadeira vocação por seu trabalho: não por nada cruza um rio nadando a cada amanhã.
Assim como no Brasil, a Índia não costuma dar o valor devido aos seus professores, embora sejam os principais encarregados, depois dos pais, em dar uma boa educação, instrução e doutrina às crianças e de lhes consignar valores que os ajudem a se desenvolver como pessoas de bem e de respeito.
Abdul leciona no distrito de Malappuram, em Kerala, e em sua jornada diária pode ter que pegar dois ônibus e caminhar mais de 12 quilômetros para chegar a referida escola. Como o transporte urbano é uma bagunça, com horários incertos, ele costumava se atrasar para chegar às suas aulas. Por essa razão decidiu cruzar o lamacento rio Kadalundipuzha a nado e encurtar seu trajeto de 3 horas, pois assim também consegue economizar dinheiro do salário de 25 mil rúpias (1.300 reais), que depois utiliza para viver em melhores condições.
Seus alunos acham que ele é uma espécie de super-herói, é admirado por todos que já o viram atravessando o rio com sua roupa dentro de uma sacola plástica, dentro de outra sacola, agarrado a uma boia que o ajuda a se manter flutuando por ele não sabe nadar direito. Ao chegar à outra margem, retire seus pertences da sacola e se veste para ir dar suas aulas.
Abdul faz isto há muitos anos e já é conhecido e admirado no povoado e, graças a mídia, também sua história passou a ser conhecida em outros países. Isso fez com que obtivesse um reconhecimento em sua cidade e que também um médico da Inglaterra lhe doasse um barco de fibra de vidro para que pudesse cruzar o rio com maior facilidade.
Abdul acumula centenas de quilômetros percorridos a nado, se fizéssemos as contas da distância que nadou em toda sua vida, este número seria equivalente a mais ou menos 700 quilômetros. Seu estilo de vida é realmente inspirador e seguramente incentivará às autoridades a proporcionar maiores benefícios a trabalhadores tão esforçados quanto ele.
Jahangir, um estudante de sete anos, sorri timidamente quando perguntado o que ele quer ser quando crescer.
- "Quero ser como Professor Mallik", diz ele.
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