31 de jan. de 2017

O gorila "quase humano" que bebia chá e que frequentou a escola

John não era um gorila comum. Para começar, ele se chamava John Daniel e tinha seu próprio quarto, bebia chá e cidra, e podia supostamente lavar sua própria louça. 

A história extraordinária da aldeia que adotou seu próprio gorila há um século é contada em um novo livro por uma historiadora de Gloucestershire, na região Sudoeste da Inglaterra. Margaret Groom, arquivista da Sociedade Uley, descobriu uma coleção de fotografias de John, que foram publicadas em seu livro sobre a história da aldeia.

O livro conta como os moradores do povoado de Uley adotaram o gorila da planície depois que ele foi capturado no Gabão por soldados franceses que mataram seus pais. Em 1917, ele foi colocado a venda em uma loja de departamentos de Londres, e foi comprado por um homem chamado Maj Rupert Penny, morador de Uley, que pagou cerca de £ 20.000 (80 mil reais) em dinheiro de hoje, e nomeou-o John Daniel.


A irmã de Penny, Alyce Cunningham, acolheu-o em seu sítio e começou a criá-lo como se fosse uma criança humana, inclusive lhe ensinando boas maneiras. John tinha tudo o que precisava, um quarto só para ele, cama, sabia fazer suas necessidades no banheiro, acendia e apagava a luz, dobrava os lençóis e inclusive bebia chá e adorava cidra.

Alyce costumava enviar John para passeios regulares com as crianças da escola secundária de Uley. Até recentemente, algumas pessoas lembravam dele andando pelo povoado com as crianças, quando costumava entrar em jardins e comer as rosas.

Geralmente as crianças se revezavam empurrando John em um carrinho de mão. Ele também sabia em que casa podia encontrar cidra, e frequentemente ia até lá para pedir uma caneca. Ele também era fascinado pelo sapateiro da aldeia e observava-o consertando sapatos durante horas.

Alyce também o levou para sua casa em Londres, onde assistia seus jantares e tomando xícaras de chá à tarde. Mas a história de John Daniel tem um final infeliz. Quando ele cresceu muito, Alyce considerou que não conseguiria cuidar mais de um animal com mais de 100 kg, e então vendeu-o para um americano por mil guinéus, acreditando no homem que disse que John seria enviado para uma casa confortável na Flórida.



Em vez disso, ele caiu nas mãos do infame circo Barnum e Bailey e também foi exibido no jardim zoológico no Madison Square Garden, em Nova Iorque, onde adoeceu gravemente já que seu corpo não tinha mais anticorpos para enfrentar os germes e bactérias existentes na área reservada a ele no zoo. Na época alguém cogitou a possibilidade de que ele estaria definhando de saudade de sua antiga "mãe". Alyce, alertada pelo zoológico, foi vê-lo imediatamente, mas John Daniel morreu de pneumonia antes que ela chegasse.

Seu corpo foi taxidermizado e entregue ao Museu Americano de História Natural para preservação e foi exibido no Museu de Nova York em 1922, onde permanece até hoje.






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