29 de abr. de 2016

Conheça as formigas que “nunca envelhecem”

  • Elas são consideradas uma anomalia no mundo dos insetos

Envelhecer não é divertido. Corpo cansado, visão vacilante e saúde instável são os sintomas do outono de nossas vidas. 

Envelhecimento para os seres humanos é tão implacável quanto assustador, e apesar de anos de pesquisa, temos feito pouco progresso em deter nossa senescência.

Para uma espécie de formiga, o passar do tempo não está associado à diminuição de força física. Uma equipe de pesquisadores liderada por James Traniello, professor no departamento de biologia da Universidade de Boston, estudou a Pheidole dentata, uma espécie de formiga americana, e descobriu que as formigas operárias menores não apresentaram declínios na aptidão ou saúde à medida que envelhecem. 

Elas ainda melhoram conforme ficam mais velhas. Os pesquisadores publicaram recentemente suas descobertas na revista Proceedings da Royal Society B.


  • Como o vinho: melhor com a idade

Os cientistas analisaram as formigas em um laboratório enquanto elas cuidavam de larvas e carregavam alimento. Eles julgaram a capacidade das formigas realizando tarefas como carregar ovos, alimentar-se, seguir uma trilha de feromônio carregando comida, e atacar de forma agressiva uma mosca em cativeiro – uma refeição saborosa para formigas. Era esperado que as formigas mais velhas realizassem as tarefas com mais dificuldade que as jovens.

Além disso, eles examinaram uma seleção aleatória de cérebros das jovens e das velhas formigas para ver se as marcas de envelhecimento – tais como a morte de células cerebrais e a baixa de serotonina e de dopamina – estavam presentes. Todos os seus testes não mostraram diferenças entre as formigas idosas e suas colegas mais jovens.

As formigas, por natureza, trabalham em plena capacidade durante toda a vida, desempenhando suas tarefas sempre com o mesmo vigor. Com a idade, elas inclusive melhoram em alguns deveres, tais como o rastreamento de feromônio, a experiência é um trunfo que falta para as mais jovens.

Ainda não se sabe ao certo o porquê da P. dentata conseguir sucesso, mas os pesquisadores acham que pode ter algo a ver com o fato delas serem insetos sociais. De acordo com Joel Parker, professor de ciências biológicas na Universidade Estadual de Nova York-Plattsburgh, insetos sociais têm evoluído para terem uma vida mais longa, a fim de proteger e alimentar suas rainhas. Uma colônia de formigas só pode sobreviver enquanto sua rainha ainda se reproduzir, o que pode variar de um ou dois anos para quase trinta anos.

  • Estrutura social influencia na longevidade

Colônias de formigas são sociedades altamente estruturadas e cada formiga nasce para assumir uma ou várias funções determinadas, como as seguintes: trabalhador, zangão, soldado ou rainha. Junto com suas funções de trabalho vêm diferentes expectativas de vida, que provavelmente são relacionadas à importância de seu trabalho dentro da colônia.

Machos com a tarefa de reprodutores, por exemplo, vivem por alguns meses; os operários, no entanto, podem sobreviver por mais de um ano. Além disso, a própria estrutura da colônia confere benefícios consideráveis à ​​vida útil, como Traniello descobriu em um estudo anterior, resultando em mais comida e melhores defesas contra predadores e infecções, entre outros fatores.

As formigas operárias menores, segundo o estudo, podem viver cerca de 140 dias no laboratório e, em seguida, morrer sem nenhuma causa aparente. Ainda não está claro como formigas saudáveis ​​e produtivas podem morrer sem justificativa visível.

Uma explicação, diz Parker, poderia ser a prática de polietismo etário, encontrado em colônias de insetos sociais. Formigas operárias podem assumir papéis diferentes à medida que tornam-se maduras, começando como babás de berçário quando jovens, passando a trabalhadoras de manutenção na meia-idade e finalmente promovidas à soldados e guardas, lidando com as tarefas mais perigosas. Um análogo para os seres humanos, diz Parker, seria o envio de nossos cidadãos seniores para as tarefas mais perigosas na sociedade, como eles são os mais dispensáveis.

Enquanto esta é uma maneira decididamente cruel de dividir o trabalho, é coerente com um formigueiro, onde a sobrevivência do grupo depende inteiramente do tempo de vida e sucesso reprodutivo da rainha. A vida dos trabalhadores está subordinada à vida da colônia como um todo. De uma perspectiva evolucionária, maximizar a utilidade dos trabalhadores, limitando seu declínio na velhice, cria uma colônia mais robusta.

Traniello duvida que este seja o caso. Contudo, como ele diz que as formigas observadas foram otimizadas para realizar uma série de atividades, não apenas uma atividade. Além disso, em vez de morrer como presa, a maioria parecia morrer sem muitas explicações e com o mesmo tempo de vida. Ele acha provável que exista uma repartição molecular desconhecida ocorrendo em seus corpos a partir de certa idade.

Fonte



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