10 de jan. de 2012

Pesquisadores desenvolvem formigas 'supersoldados'

  • Descobertas podem dar novos rumos para os estudos da evolução


Formigas podem ser programadas com tratamentos hormonais para se transformarem em "supersoldados", indicam pesquisas feitas por uma equipe internacional de cientistas, que creem que as descobertas podem dar novos rumos para os estudos da evolução.

Todas as colônias de formigas são feitas de membros de diversas "castas", incluindo soldados e operários. O que os pesquisadores descobriram é que é possível "convencer" as larvas de formigas a, quando crescerem, se converterem em parte de uma rara casta de supersoldados.

O estudo, publicado na revista Science e liderado pelo pesquisador Ehab Abouheif, da Universidade McGill (Canadá), descobriu que tratamentos hormonais durante um período específico do desenvolvimento dessas larvas resulta em formigas supersoldados gigantes.


Os cientistas conseguiram esse resultado em duas espécies de formigas que naturalmente não têm a casta de supersoldados como parte de sua colônia.

  • Proteger as colônias

Abouheif e sua equipe estudaram as formigas Pheidole, um grande grupo de mais de mil espécies correlatas. Desses grupos, há apenas oito que têm entre seus membros os chamados supersoldados, que ajudam a proteger a colônia usando suas enormes cabeças para bloquear a entrada de invasores.

A ideia de tentar "programar" formigas em desenvolvimento para se tornarem grandes soldados nasceu quando Abouheif percebeu que outra espécie comum de Pheidole, ainda que não tivesse supersoldados entre seus membros, possuía integrantes dotados de cabeças estranhamente grandes.

"Estávamos coletando (formigas) de Long Island, em Nova York, e percebemos algumas com uma aparência monstruosa", disse o cientista.

Essas formigas de aparência mutante se assemelhavam a uma casta rara de supersoldados de uma espécie correlata. Por conta disso, os cientistas se dispuseram a descobrir o que fez com que ganhassem tal forma.

Abouheif explica que, quando uma formiga rainha bota ovos, cada um deles pode se desenvolver em uma casta diferente, dependendo das condições de temperatura e alimentação a que são submetidos.

A chave para "transformá-los" em uma casta específica depende, em grande parte, de um componente químico dos ovos, o chamado hormônio juvenil.

"Sendo assim, se você trata qualquer espécie no momento certo de seu desenvolvimento, com apenas um hormônio, pode induzir o desenvolvimento de uma supersoldado", diz o cientista.

  • Forma ancestral

Para ele, "o fato de que se possa induzir isso em todas essas espécies diferentes (que não têm naturalmente a casta de supersoldados) significa que um ancestral comum de todas essas espécies tinha (supersoldados)".

Abouheif diz que a descoberta pode ter amplas implicações na forma como os cientistas veem e estudam o processo evolutivo.

Para ele, destravar características evolutivas ancestrais pode ajudar no desenvolvimento de plantas com maior valor nutricional e até mesmo encontrar mecanismos que ajudem no combate de doenças.

"Quem sabe o crescimento de um câncer seja a liberação de algum potencial ancestral", questionou Abouheif. "Se conseguirmos descobrir isso, talvez possamos revertê-lo."


Fonte BBC



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