17 de out. de 2016

Cientista da NASA acha que logo será possível comprovar que vivemos em uma simulação informática

Para que estamos vivos? Para despertar! Nisto concordam Buda e uma nova onda de cientistas e CEOs de importantes companhias de tecnologia. A reencarnação das ideias do samsara é para nossa geração a Matrix e mais recentemente a hipótese da simulação de Nick Bostrom, que parece estar ganhando tração entre cientistas e multimilionários, como Ellon Musk, por igual. O mundo em que vivemos não é real. Ou é real, mas só uma vez que descobrimos que é uma ilusão e então podemos recriá-lo ou apagá-lo.

O argumento de Bostrom é basicamente o seguinte: uma civilização pós-humana, isto é, que tenha atingido uma subsistência que não depende da biologia, como por exemplo descarregando sua consciência em um computador, teria necessariamente que ter atingido um enorme poder de computação (uma teoria menciona as famosas esferas de Dyson como fonte de poder). Este poder de computação seria suficiente para simular meios de realidade de alta fidelidade capazes de fazerem-se passar por reais (algo bem como os cenários de "O Show de Truman: O Show da Vida").

Bostrom assinala que se só uma pequena percentagem destas civilizações pós-humanas fosse parte de simulações ancestrais, isto é, simulações de alta fidelidade de vida ancestral, isto faria com que a simulação fosse indistinguível da realidade para o ancestral simulado. Já que não há limite para as simulações que podem ser feitas por uma civilização pós-humana, então deveria existir uma maior quantidade de ancestrais simulados do que ancestrais atuais que estão realizando as simulações.


Há que dizer que Bostrom só considera que isto seja relativamente provável, o que estaria definido pela fração de civilizações que conseguem chegar a um estado pós-humano e a fração de civilizações pós-humanas que estão interessadas em gerar estas simulações de ancestrais. Se pudéssemos dizer que estas frações são altas então seria muito provável que fôssemos SIMS (seres simulados).

Os cientistas que se inclinam a pensar afirmativamente neste caso fazem referência a que é muito provável que vivamos em um universo infinito, motivo pelo qual é também muito provável que exista uma enorme quantidade de civilizações pós-humanas e de todos os tipos, para além do que podemos imaginar.

Faz alguns meses o CEO da Tesla Elon Musk explicou por que acha sumamente provável que vivamos em uma simulação ou, em suas próprias palavras, que existamos como personagens dentro de um videogame. Musk argumentou que a tendência exponencial com a qual avança nossa tecnologia é um sinal de que no futuro poderemos criar simulações indistinguíveis da realidade. Já que vivemos em um universo de uma vastidão incomensurável, é simplesmente muito provável então que alguém antes que nós tenha chegado já a este ponto crítico e tenha experimentado simulando um universo. De alguma maneira, simular universos seria a evolução lógica de uma civilização tecnologicamente avançada.

"Se a gente assume qualquer tipo de proporção de incremento, então os jogos se tornarão indistintos da realidade, inclusive se este ritmo de aumento cair a uma proporção de menos mil vezes do que avança atualmente. Por exemplo, imaginemos como seria em 10 mil anos, que não é nada em termos evolutivos.

De modo que, dado o fato de que estamos em uma clara trajetória para desenhar jogos sumamente realistas, e esses jogos poderão ser jogados em qualquer console ou PC ou o que for, e existirão milhares de milhões destes aparelhos, daqui poderíamos deduzir que as probabilidades de que existamos em uma realidade base -em um mundo não-simulado- são de uma em bilhões. Digam-me estou falando alguma bobagem?

De fato deveríamos ter esperanças de que isto seja verdade, já que se uma civilização deixar de avançar, isto deve ser o resultado de alguma calamidade que neutralizou a civilização... ou criaremos simulações indistinguíveis da realidade ou as civilizações deixarão de existir. Não é muito provável que simplesmente entremos em uma estase de milhões de anos."

Um recente convertido ao argumento da simulação é o cientista do Jet Propulsion Lab da NASA, Rick Terrile, que em entrevista ao Guardian disse:

- "Se a gente progredir ao ritmo atual da tecnologia em algumas décadas seremos uma sociedade em que entidades artificiais vivendo em simulações serão mais abundante que os seres humanos... Se no futuro há mais pessoas digitais vivendo em ambientes simulados dos que há hoje, então, como podemos dizer que não somos já parte de uma simulação?"

Alguns físicos inclusive acreditam que o universo em pequena escala não é composto por átomos, senão de bits de informação e que a realidade pode ser pixelada.

- "Se você olhar as entranhas do Universo -a estrutura da matéria em sua menor escala- vai se dar conta de que não são mais que bits realizando operações digitais locais", diz o físico Seth Lloyd.

Terrile considera que não estar vivendo em uma simulação seria muito pouco provável e que, de fato, esta ideia será no futuro similar à revolução copernicana -a descoberta, que hoje nos parece tão evidente, de que a Terra gira ao redor do Sol-. E responde à pergunta dos 64 mil bits (sobre quem programou a simulação) dizendo:

- "Nós mesmos, no futuro criamos a simulação." 

O físico Max Tegmark, famoso por sua visão platônica da matemática como entidade pré-existente no universo, não está de todo convencido. Segundo Tegmark, conquanto logicamente seja possível que vivamos em uma simulação, as probabilidades não são tão altas como creem Musk ou Terrile.

- "Para poder fortalecer o argumento, em primeiro lugar precisamos saber quais são as leis fundamentais da física no lugar onde as simulações estão sendo realizadas. E se estamos em uma simulação não temos uma pista verdadeira de quais são as leis da física."

O argumento de Terrile apóia-se em outra noção que aparece no centro da discussão científica contemporânea.

- "Por décadas [dentro da física quântica]... os cientistas tentaram eliminar a noção de que precisamos um observador consciente. A solução verdadeira poderia ser que precisamos de uma entidade consciente como o jogador consciente de um videogame." A interação do jogador com o jogo explicaria, segundo Terrile, o problema da medida na física quântica ou a aparente afetação que acontece a partir do ato de observar um fenômeno. 

Terrile delata seu entusiasmo e assinala que a hipótese da simulação é sumamente otimista, já que seria um marco para nossa continuidade sem a necessidade de uma soteriologia transcendente. Eventualmente, nós poderemos simular universos.

- "Teremos os poderes da mente e matéria para criar qualquer coisa que queiramos e poderemos ocupar esses mundos."

Ainda que estas ideias pareçam radicais e inovadoras, não são tanto. Os budistas tinham a noção do samsara; Platão considerava que este mundo era a sombra ou cópia de um mundo real superior e os gnósticos literalmente consideravam que este mundo era a simulação ou cópia de menos qualidade da criação divina, feita por um demiurgo ou um grupo de demiurgos.

Conquanto no budismo o samsara não tem um início nem um final, nem é um programa feito por um nerd, sim manifesta certas leis (como o tempo e o karma) que existem somente enquanto a pessoa não despertou e descobriu que o mundo é uma ilusão. Ocorre como no sonho, que quando sabemos que estamos sonhando podemos voar e atravessar paredes sem nenhum problema. Inclusive em algumas descrições da cosmologia budista fala-se que nosso mundo foi manifestado (desenhado de alguma forma) pela intenção de seres de outro mundo, os Abhaswara.



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