- SE EU FOSSE EU
Se eu fosse eu, me libertaria dos meus medos e enveredaria por lugares desconhecidos em busca de aventuras nunca experimentadas. Olharia mais para meu lado não explorado e substituiria sentimentos. Cairia num paradoxo de duas existências para conhecer caminhos opostos. Lutaria com meu ego e o modificaria. Ergueria novos projetos, alucinando minha própria vontade de querer tudo acima do padrão.
Se eu fosse eu, seria mais burro para não vê o que meus olhos atuais me mostram. Modificaria minha aparência e meu físico para parecer mais forte e robusto. Chamaria-me de “O CARA” para poder não saber quem seria. Correria todos os riscos, pois não me preocuparia com o fracasso de não poder tentar algo nunca imaginado.
Se eu fosse eu, seria a própria morte para não ter o desprazer de ser atacado por ela numa esquina escura. Seria também essa esquina para não deixar passar perto dela o meu eu confuso. Experimentaria ser mais eu, buscaria ser o que nunca tive coragem de ser. Lutaria contra minhas próprias armas amaldiçoadas.
Ah! Se eu fosse eu, seria o vento suave da primavera e contagiaria todas as outras estações e encheria os corações de brisas perfumadas. Sobrevoaria grandes vales e os transformaria em grandes monumentos invisíveis e cautelosos. Seria o amor de duas crianças. Um amor puro e singelo, como o pôr do sol do verão.
Se eu fosse eu, lamentaria a perda da dualidade de não ser eu mesmo.
Lucas Bertolucci do Livro: Seu Eu Fosse Eu
2 comentários:
Fantástico esse texto, parabéns.
Realmente faz a gente repensar sobre nós mesmos. Interessante.
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