- Eu morro e não vejo tudo
A nova-iorquina Mariah Serrano, de 21 anos, nasceu com um pé torto dolorosamente torcido, e nunca tinha usado sapatos de salto alto em sua vida. Quando participou de sua formatura do ensino médio, ficou com um ciúme doentio de suas amigos que usavam saltos. Como muitas outras meninas de cidade grande, Mariah sonhava trabalhar no mundo da moda, mas parecia que o problema no pé seria um empecilho para isso também.
- "Quando me disseram que eu nunca seria capaz de usar salto alto e que eu deveria desistir do meu sonho de carreira, fiquei arrasada", conta ela.
Assim, quando um especialista disse a Mariah em 2009 que tinha outra opção: de ter a perna amputada, ela considerou seriamente:
- "Mamãe ficou horrorizada, mas não consegui tirar essa ideia da minha cabeça."
O pé torto é uma doença infantil que, ás vezes, é facilmente corrigido por órtese ou cirurgia. Mas, Mariah fez cinco operações e usou dispositivos ortopédicos estabilizadores toda a sua vida sem nenhuma melhora. Chegou a um ponto em que não podia mais nem ver a sua bota para pé torto e desejava ardentemente usar sapatos normais.
Mariah ainda estava considerando a amputação quando leu algo que a ajudou a tomar a decisão.
- "Quando li um artigo sobre o meu estilista favorito Alexander McQueen, que tinha feito um par de pernas protéticas para a atleta Aimee Mullins, eu soube o que tinha que fazer." Mariah achou que uma prótese muito bem trabalhada poderia ser melhor do que ter o pé torto. E, naquele momento, optou por cortar sua perna.
No verão de 2009, Mariah passou por uma cirurgia para remover sua perna cirurgicamente. Não foi fácil para ela, as complicações pós-cirurgia acabaram se tornando um pesadelo. À medida que a ferida demorava a fechar, ela teve seus momentos de arrependimento.
- "Eu me perguntava o que diabos eu tinha feito", conta. - "Eu não queria mais sair e nem permitia que meus amigos viessem me ver. Foi muito difícil."
Eventualmente depois da recuperação da cirurgia, sua família a presenteou com seu primeiro par de sapatos de salto: uma sandália plataforma branca com salto de cortiça. Mariah ficou emocionada.
- "Logo após dar uma volta na sala, eu sabia que tinha feito a coisa certa", disse ela.
Mariah lembra que teve problemas para aprender a andar de salto com a prótese.
- "Foi difícil acostumar, mas até mesmo meninas sem problemas nos pés e nas pernas tem que aprender a usar saltos pela primeira vez." Ela logo se acostumou e agora possui uma coleção de sapatos de salto alto.
Não muito tempo depois da cirurgia, Mariah conseguiu seu emprego de sonho. Ela trabalha como gerente de mídia social para a grife de moda da badalada Betsey Johnson.
- "Eu nunca me senti tão glamourosa ou poderosa", confessa e, apesar de seu sucesso, Mariah às vezes se esquece de que não tem mais um pé.
- "Escolher cortar minha perna foi a coisa mais difícil que eu já fiz. Eu ainda acordo às vezes e me pergunto onde ela está". Às vezes, ela salta para fora da cama, esquecendo-se de que não tem uma perna, e toma o maior tombo. Mas, diz que ainda está se acostumando a isso.
A prótese fez Mariah sentir mais consciente, às vezes, mas ela aprendeu a não levar a coisa toda muito a sério.
- "Meus amigos estão sempre brincando com a minha perna falsa, mas tudo bem." Mas, ela também diz que a perna lhe deu muito mais confiança e ajudou-a a conseguir a vida que ela queria. Devemos supor que a sua decisão foi a mais acertada então?
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