Enquanto a maioria dos pais castiga seus filhos cortando a mesada ou mandando os para o quarto, a mãe de Sofia Petrova foi um pouco mais longe do que isso: ela exilou sua filha por mau comportamento para outro país, mais especificamente para a gelada Sibéria. A jovem de 18 anos não sabe o que é lar há três anos; sua mãe não permitiu que ela voltasse a despeito dos repetidos pedidos de desculpas.
Então como é que os pais realmente conseguem convencer sua filha de 15 anos de idade, caloura do ensino médio, a embarcar em um avião para a Sibéria? Bem, acontece que Sofia foi enganada. Sua mãe e seu padrasto disseram que eles estavam enviando-a em um período de três semanas de férias para visitar seu pai biológico pela primeira vez. Mas quando Sofia chegou a cidade de Novosibirsk, percebeu a verdade arrepiante: não havia nenhuma passagem de volta.
Sua mãe e seu padrasto então informaram que ela estava sendo "punida" por seu típico comportamento adolescente: reprovação na escola, fugir de casa, namoradinhos e roubar dinheiro. Ela iria permanecer na Sibéria com seu pai até que aprendesse a pesar suas ações. Sofia estava praticamente indefesa; embora tenha crescido nos EUA, ela nasceu na Sibéria e tinha um passaporte russo. Então, ela precisava de consentimento de sua mãe para retornar.
A mãe de Sofia, Natalia Roberts, é um cidadã soviética-americana com um marido americano, Jim Roberts. O casal praticamente abandonou Sofia em um país que era estranho para ela, com um homem que ela mal conhecia. Para piorar a situação, o pai de Sofia é um bêbado que muitas vezes a espancou e abusou dela. Ela não tinha dinheiro e foi forçada a trabalhar em uma pousada local, a fim de cobrir suas despesas.
Sofia fez repetidos apelos para a sua família para voltar para os EUA, pedindo-lhes para levá-la de volta.
- "Pelo amor de Deus! Eu quero voltar para casa", escreveu ela em uma carta a sua mãe no ano passado. - "Quero voltar para você. Peço mais uma vez, por favor, me leve de volta. Por favor, deixe seu coração perdoar os meus erros, as coisas que eu fiz como uma pré-adolescente. Você é a única família que eu tenho. Eu preciso de você."
Apesar dessas palavras comoventes, Natalia ainda não quis perdoar Sofia. A menina acabou severamente deprimida e fugiu para um centro de proteção da criança e do adolescente local para escapar das más condições de vida ao lado do pai. A coisa ficou tão feia que em certo ponto ela tentou mesmo tirar sua própria vida. Enquanto isso, seus amigos nos EUA ficaram sabendo o que estava acontecendo com ela e organizaram protestos e campanhas a seu favor. Mas não havia muito que pudessem fazer para ajudar em seu retorno.
Os meios de comunicação locais começaram a cobrir a história extensivamente, e uma página no Facebook foi criada, onde Sofia posta atualizações sobre sua condição. Ela também fazia apelos frequentes em mídias sociais para sua família para levá-la de volta.
- "Eu quero me formar em uma escola secundária americana (e) eu quero fazer isso rapidamente, para terminar dentro de dois anos", escreveu ela.
Em resposta, o padrasto postou uma mensagem muito dura e, no mínimo, estranha:
- "Sofia, a partir do momento que você foi para a Rússia, nós dissemos que havia uma forma muito simples para você voltar. Reconhecer que o caminho que você estava trilhando iria acabar mal para você e deveria tentar mudá-lo. Isso é tudo. Nós lhe dissemos que tentar outras maneiras não ia adiantar nada. Você não tentou a única coisa que vai trazer você de volta, mas continua tentando outras".
Não ficou muito claro ao que exatamente ele estava se referindo, já que Sofia parece ter se desculpado inúmeras vezes por seus erros do passado.
Mas a sorte estava finalmente no lado de Sofia quando sua estranha história tomou um rumo ainda mais bizarro. Com a ajuda de alguns amigos, ela conseguiu rastrear o ex-companheiro de sua mãe, Farid Soulimani, que praticamente criou a como uma filha.
Na verdade, ela realmente acreditava que ele era seu pai até os 13, quando sua mãe lhe contou a verdade. No entanto, eles haviam perdido o contato por mais de seis anos depois que ele brigou feio com a mãe dela.
Quando Farid ficou sabendo da luta de Sofia, ficou estarrecido e com o coração partido. Pese que ele ainda more nos EUA, imediatamente arrumou uma forma dela visitar sua família no Marrocos e voou para lá para se encontrar com ela.
- "Não é uma nova família", disse Sofia. - "Lembro-me de minha avó (a mãe de Soulimani) de quando eu era uma garotinha e foi nos visitar. Foi bom ver um rosto familiar".
Sob os cuidados de sua avó, Sofia ficou mais forte e mais feliz. Mas quando voltou novamente para a terra de seu pai, na Sibéria, descobriu que tinha perdido seu trabalho e seu namorado havia a despejado. Ela estava em estado de miserabilidade mais uma vez, e foi aí que decidiu fazer do Marrocos sua casa permanente.
- "Todo mundo é tão amoroso aqui", disse ela. - "É bom para acordar todas as manhãs para abraçar e dar beijos".
Agora que tem 18 anos, Sofia mudou-se para Casablanca, e decidiu adotar o sobrenome de Farid. Ela está estudando francês em uma tentativa de se integrar na sociedade, e também está no processo de obtenção de sua documentação oficial para que fique no Marrocos por tempo indeterminado, de modo que nunca mais tenha que voltar para a Sibéria.
Sofia agora planeja escrever um livro contando tudo o que ela teve de enfrentar nos últimos três anos.
- "Há muitas coisas que eu nunca compartilhei e muitos segredos que eu guardei. Tudo isso vai ser incluído no meu livro", disse ela. - "Ele vai entrar em detalhes sobre a minha relação com a minha mãe, meu padrasto, meu pai biológico e os homens em minha vida. As pessoas conhecem a minha história, mas só eu sei uma pequena parte dela."
Quando Sofia fez o anúncio sobre o livro no Facebook, ela mais uma vez despertou a ira de sua mãe. Após xingá-la por não manter os detalhes de sua vida privada, Natalia escreveu:
- "Desejo-lhe tudo de melhor e eu te perdôo por trazer tanta dor para minha família e para mim".
Em resposta, Sofia recusou-se a pedir desculpas por querer contar a sua vida:
- "Eu não estou pedindo o seu perdão. Você não deu valor a nada do que eu fiz nestes três anos e meio de miséria. Você devia se envergonhar, isso sim..."
Agora já decorreram alguns meses desde que Sofia contatou sua mãe, e ela não tem certeza se está mesmo ciente de sua mudança para o Marrocos.
- "Minha mãe já não faz mais parte da minha vida, eu segui em frente", disse ela. Mas Sofia ainda espera voltar para os Estados Unidos, onde ela tem uma irmã. Ela está trabalhando com um advogado de imigração para ver o que é possível.
- "Eu não perdi a esperança", disse ela. - "Eu adoraria ser capaz de construir uma ligação com a minha irmã. Eu não sei se isso seria possível, mas isso é algo que eu sonho".
Fonte
Facebook de Sofia
Um comentário:
Se ela quiser eu posso trazer ela aqui pra casa hehehe
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