Um novo estudo publicado na revista Nature Neuroscience revela que o açúcar estimula duas partes diferentes do cérebro, a fim de incentivar a maior ingestão do alimento.
Através da criação do desejo pelo seu elevado teor de calorias a da necessidade de algo de sabor doce, o açúcar prova ser praticamente irresistível. Porém, a necessidade de calorias parece ser mais importante do que o desejo de algo doce.
Qualquer coisa que nos dê uma sensação incrivelmente recompensadora, faz-nos querer repetir o procedimento que a gerou, é o conhecido mecanismo de reforço. É bem sabido que o açúcar provoca a liberação de níveis significativos de dopamina, um neurotransmissor que desempenha um papel em comportamentos de motivação por recompensa, no cérebro. É esta a liberação de dopamina que garante a eficiência do reforço do mecanismo do açúcar, para dizer o mínimo.
Para este novo estudo, uma equipe de pesquisadores decidiu investigar se o sentimento de recompensa – tanto do sabor do doce quanto da obtenção de uma grande quantidade de calorias – origina-se a partir da mesma região do cérebro. Eles esperavam encontrar uma resposta ao observar cuidadosamente 170 ratos de laboratório, conforme eles encontravam uma variedade de guloseimas açucaradas e adoçantes artificiais, e monitorando produção de dopamina e atividade elétrica de seus cérebros.
Eles descobriram que tanto o sabor do doce quanto o valor nutricional atingiam uma região do cérebro que evoluiu antes de muitos outros componentes, geralmente ligada a comportamentos satisfatórios. Apesar disso, a equipe observou que duas partes diferentes do corpo registravam separadamente a informação do “doce” e a do “teor calórico”.
O corpo estriado ventral gera a recompensa de doce, ao passo que o corpo estriado dorsal seria associado com a recompensa calórica. O primeiro é parte do sistema de recompensa do cérebro, enquanto o segundo é mais comumente ligado a partes do cérebro que ativam o comportamento motor, essencialmente, a capacidade de responder a estímulos externos por partes do corpo em movimento.
Isto mostra que a parte do cérebro normalmente ligada ao comportamento motor tem um papel adicional na geração de novas condutas, reforçando-as, especificamente em resposta a recompensas encontradas no ambiente.
Notavelmente, o corpo estriado dorsal tinha a capacidade de substituir o corpo estriado ventral do foco de recompensa. Quando os pesquisadores amarraram uma bebida açucarada a algo amargo, o que formava um sabor desagradável, e depois usaram uma luz focalizada para estimular as células dentro do corpo estriado dorsal, os ratos lamberam mais do que saborearam. Isso mostra que seus cérebros priorizam o alto teor calórico de açúcar em vez do sabor doce.
“Nós mostramos que esta área do cérebro basicamente comanda o comportamento do animal”, disse o autor Ivan de Araújo, membro associado na ale University-affiliated John B. Pierce Laboratory in New Haven, Connecticut, e coautor do estudo, de acordo com a revista TIME. O domínio do corpo estriado dorsal “permite que o animal ignore quaisquer aversões a fim de priorizar a busca por energia.”
Para confirmar esta conclusão, os investigadores removeram cirurgicamente as partes dopaminérgicas responsivas do corpo estriado dorsal de ratos. Quando o experimento foi repetido, eles só foram para o adoçante artificial, e não o açúcar do mau-gosto, indicando que o corpo estriado ventral agora era a força de recompensa dominante no cérebro.
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