Localizada a pouco mais de 24 quilômetros da cidade de Trikala, a noroeste da tradicional e antiga Tessália, na Grécia, a vila deserta de Ropoto está lentamente e literalmente escorregando para fora de sua existência.
O assentamento que fica em uma colina já foi o lar de uma encantadora e agitada comunidade, mas tudo mudou em 2012, quando um deslizamento de terra fez com que várias casas e edifícios da vila fossem descendo encosta abaixo. Apesar de nenhuma morte ter sido registrada, mais de 300 famílias precisaram ser deslocadas de suas casas e acabaram transformando Ropoto no que ela é hoje, uma cidade fantasma.
Em um minidocumentário produzido pela GreekReporter.com, a trágica história da cidade é narrada pelo ex-presidente do conselho da vila, Yorgos Roubies, que conduziu uma equipe de filmagem por toda aldeia deformada e em ruínas, contanto sobre o descaso do governo em relação aos moradores e às dificuldades que ainda enfrentam.
Recordando o dia em que tudo mudou, ele diz: “A primeira grande catástrofe ocorreu em 12 de abril de 2012. Estávamos empurrando as águas para fora da aldeia, como acontece em todos os outonos. Porém, em 2011, não havia máquinas para empurrar a água das chuvas, também tinham as águas subterrâneas e foi assim que tudo aconteceu”, disse. “As igrejas, tudo se foi, não há sequer um café aqui. Se alguém ficar doente, não vai ser capaz de encontrar nem um copo de água aqui para beber”, acrescentou.
Embora o deslizamento de terra seja relativamente recente, os sinais já estavam presentes desde a década de 1960. Isto é, quando as primeiras rachaduras começaram a aparecer nas montanhas, e alguns moradores precisaram ser realocados para longe do centro da vila. No entanto, os políticos locais não concordaram com os cientistas e especialistas que analisavam o caso e optaram por ignorar o problema.
No entanto, eventualmente, a catástrofe se tornou uma realidade. Roubies contou que ninguém se apresentou para avaliar os danos ou oferecer alívio para as pessoas que ficaram desabrigadas. Na verdade, alguns dos ex-habitantes ainda precisariam pagar impostos sobre as antigas propriedades.
“É cansativo falar sobre minha aldeia, isso porque já se passaram dois anos desde os deslizamentos e ninguém mostrou qualquer interesse. O que vai acontecer com essas pessoas?”, questionou. “Antes da catástrofe, aqui costumava haver muitos agricultores, que eram famosos por suas maçãs”, ele lembra indicando uma área que anteriormente era repleta de macieiras.
Quase cinco anos depois da tragédia, os moradores ainda sofrem com as consequências. De acordo com Roubies, há pessoas hospedadas em celeiros, vivendo com e como animais. “Ninguém fez nada para nos salvar, e eu vou continuar dizendo isso até que eu morra, nossa principal queixa foi sempre o fato de o Estado não nos apoiar”, disse. Contudo, os problemas de Ropoto ainda estão bem longe de acabar: a vila continua afundando cada vez mais, em um ritmo alarmante. “Desde o último deslizamento de terra, o terreno afundou cerca de 10 a 15 centímetros”, acrescentou Roubies, visivelmente frustrado.
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