26 de ago. de 2015

Cárie dentária de 14 mil anos foi tratada com pedra afiada

  • Novas evidências sugerem que os seres humanos são submetidos a tratamentos dentários há milhares de anos.

Arqueólogos descobriram evidências de que os homens do período Paleolítico não só entenderam o mal que a cárie dentária poderia causar, como também tratavam seus dentes.

Um dente de um esqueleto de 14 mil anos de um caçador humano, descoberto na Itália, mostrou marcas de corte feito por uma pequena ferramenta pontiaguda de sílex, uma rocha dura e fina. Os cientistas acreditam que essa foi uma tentativa de arranhar e tirar uma cavidade do dente infectado para aliviar dores, sendo o mais antigo exemplo de tratamento dentário já visto em seres humanos. Os pesquisadores dizem que uma mudança na dieta dos seres humanos, na época, pode ter introduzido mais carboidratos em suas rotinas, aumentando o risco de cáries.

Em declarações à Discovery News, Stefano Benazzi, paleoantropologista da Universidade de Bolonha, na Itália, que conduziu o trabalho, disse: 


Os cientistas utilizaram microscópios eletrônicos para examinar os dentes
e descobriram uma série de marcas distintas.
O esmalte desgastado mostrou traços como se tivesse sido “raspado”
pouco ante do indivíduo ter morrido.

“Basicamente, o tecido infectado foi removido do dente com cuidado, usando uma ferramenta de pedra pequena, afiada. Isso mostra que os seres humanos tardios do Paleolítico Superior estavam cientes dos efeitos deletérios da cárie, bem como da necessidade de intervir com um tratamento invasivo para limpar a cavidade dentária profunda”.

O dente – um molar inferior direito – foi encontrado na mandíbula de um esqueleto humano completo que foi descoberto em 1988, no abrigo rochoso de Ripari Villabruna, em Val Cismon, perto de Belluno, nordeste da Itália. Pensa-se que pertenceu a um jovem de 25 anos que morreu entre 14.160 e 13.820 anos atrás, provavelmente um caçador.

O recuo no dente foi tratado como uma simples lesão causada por cáries, até então. No entanto, Gregorio Oxilia, aluno de Benazzi, e seus colegas, utilizaram um microscópio eletrônico para olhar o dente mais de perto e fizeram a descoberta do tratamento dentário pré-histórico. O trabalho foi publicado na revista Scientific Reports.

Os cientistas testaram várias ferramentas feitas de madeira,
osso e pedra para ver qual delas se encaixava melhor nas marcas.
Eles concluíram que as marcas foram feitas por instrumentos de sílex,
um tipo de rocha sedimentar.
O tratamento dentário pode ter sido executado pelo homem em si mesmo ou por outra pessoa – um dentista paleolítico – devido à dor que isso teria causado o homem. A ferramenta seria um sílex extremamente afiado e fino, conhecido como “micrograveto”. O esmalte em torno da cavidade também é arredondado e polido devido ao desgaste, indicando que ele foi tratado algum tempo antes de sua morte.

Os pesquisadores dizem que suas descobertas sugerem que os exemplos posteriores de odontologia, em que os antigos romanos, gregos e egípcios removiam cáries por perfuração, podem ter evoluído a partir dessa técnica antiga.

O artigo na revista Scientific Reports afirma: "O aumento da incidência de cárie, juntamente com a tecnologia lítica adequada durante o período Paleolítico Superior, pode ter criado um contexto ideal para adaptar o uso habitual de um palito de dentes (feito de madeira e osso) para uma intervenção dentária rudimentar utilizando ferramentas microlíticas. Especificamente, os microgravetos foram alongados e projetados para uso como projéteis de caça afiados, mas seu pequeno tamanho e dureza foram bem adaptados, tanto para entrar em pequenas cavidades de cárie como para remover os tecidos de esmalte e dentina desmineralizada infectados por bactérias resistentes. Portanto, o mais antigo odontologia incipiente implica em práticas de raspagem, não de perfuração, como observado mais tarde, durante o Neolítico e na odontologia moderna”.

Fonte




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