Gretta Vosper, pastora responsável por uma congregação chamada Igreja Unida do Canadá (West Hill United Church), reúne todos os domingos uma série de fiéis para ouvirem sermões, cantarem e promoverem ações comunitárias.
A Igreja reúne quatro correntes protestantes, conforme relatado pela BBC Brasil, incluindo a presbiteriana e metodista. O fato é que, durante os cultos, curiosamente, nenhuma menção à Deus é feita. Isso se dá pelo fato de que, Vosper, é ateia assumida.
No interior do prédio, todos os objetos de caráter religioso foram removidos, ficando apenas uma única cruz, a qual foi escondida entre faixas de tecidos coloridos. Durante os cultos, que duram cerca de 1h30 e são realizados uma vez por semana, não há orações ou leituras e menções de passagens bíblicas. Dessa forma, a pastora conversa com o público, faz perguntas, provoca discussões a respeito de dilemas da vida moderna e divide experiências.
Segundo ela, o conceito da existência de um Deus, soberano à humanidade, é apenas uma metáfora sobre as relações que nós estabelecemos com o mundo. “Não vejo qualquer evidência de que Deus exista, especialmente aquela figura benevolente que tem tudo sob seu controle”, disse ela em entrevista à BBC Brasil. “Com tantas coisas ruins em nossa volta, não posso aceitar o argumento de que qualquer acontecimento é parte da vontade de Deus”, disse.
No entanto, as afirmações de Vosper geraram polêmicas no País. Em razão disso, até o final de maio, ela enfrentará um processo de avaliação, instaurado em 2015, que irá decidir se poderá continuar a exercer seu cargo.
Segundo ela, suas ideias nada mais são do que uma tentativa de atualizar a religião para a vida contemporânea. Sua conversão ao ateísmo aconteceu há 15 anos e de forma gradativa. Começou evitando menções bíblicas em seus discursos, e em seguida, divindades, como Jesus Cristo. Eventualmente, em 2013, ao descobrir que blogueiros de Bangladesh estavam sob ameaças de morte feitas por extremistas islâmicos, em uma decisão radical, ela publicamente declarou-se ateia.
“É muito grave que nossa religião continue a ser usada mais como motivo de divisão do que de união. Hoje, temos disponíveis armas com tecnologia do século 21, mas uma mentalidade ainda presa à Idade Média. É uma mistura explosiva”, disse à BBC Brasil.
A Igreja Unida do Canadá conta com cerca de 2,5 milhões de seguidores, 7% da população total do País, ficando atrás apenas do número de fiéis católicos. Ela é conhecida por possuir posições progressistas, admitindo pastores homens e mulheres, por exemplo. Possui líderes declarados homossexuais e, desde os anos 80, reconhece a união homoafetiva.
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