30 de mar. de 2014

Crentes indianos rolam em restos de comida de castas superiores para curar suas doenças

  • É triste ver coisas assim ainda pelo mundo... chocado até 2045!

Um ritual secular indiano determina que castas hindus consideradas inferiores devem rolar nos restos de alimentos consumidos por membros de uma casta superior. Mas, nem é o próprio ritual que é estranho. 

A parte mais esquisita é que, enquanto ativistas sociais estão realmente buscando proibir a prática, os hindus de "baixa casta" não admitem parar de rolar nas sobras.

O ritual, chamado Madey Snana (Banho de Cuspe) é específico para o estado de Karnataka, durante um evento anual no famoso templo de 4.000 anos de idade, Kukke Subramanya, no distrito costeiro de Mangalore. Ele também é seguido no templo Sri Krishna na cidade de Udupi. Como parte do ritual Snana, os dalits (membros de uma casta inferior) devem rolar sobre restos de comida dos brâmanes (casta superior) a cada ano, na crença de que todos os seus problemas vão desaparecer e que doenças serão curadas. Isto é praticado todos os anos no festival de Champa Shasti. Só no ano passado, 25 mil pessoas rolaram nos restos dos brâmanes. Isso aconteceu mesmo com a proibição da administração do distrito que assistiu a tudo impotente.

De acordo com organizações de assistência social, o ritual Snana é desumano e inaceitável.


  - "Se ele pode curar doenças de forma eficaz, o governo do estado deve fechar todas as faculdades de medicina e hospitais", comentou sarcasticamente Panditaradhya Shivacharya Swami, porta-voz de uma dessas ONGs. - "Esse mal não é menor do que a tradição de Sati (a prática proibida de queimar viúvas nas piras funerárias dos maridos) e do casamento infantil, e o governo deve agir severamente contra isso", disse ele.

O ministro da Previdência Social A. Narayanaswamy, também um dalit, está furioso com a prática.

- "Ela promove a intocabilidade", disse ele. - "Eu não me importo qual casta rola sobre os restos da outra. Independentemente se são brâmanes castas inferiores que fazem o rolamento, a prática é nojenta e passa longe da ciência. O departamento de bem-estar social vai formalmente recomendar aos muzrai (templos), exigindo a proibição", disse ele no ano passado.




Apesar de todos os esforços e da proibição anunciada pelo comissário do distrito, Chennappa Gowda, um dia antes do Madey Snana, as coisas tomaram um rumo para o pior. O comissário foi forçado a suspender a proibição depois de forte pressão dos próprios dalits e do governo. Uma seção especial dos dalits, chamada de Malekudiyas, insistiu que eles sejam autorizados a praticar a sua tradição ancestral. Eles ameaçaram que, se não fossem, não tomariam parte em qualquer um dos eventos programados no templo durante o festival. Logo depois que um ativista social foi espancado por protestar contra a prática, a proibição teve que ser retirada e os devotos autorizados a exercer o seu ritual.

Uma explicação para a o bizarro Snana é dada por um dos seus crentes, um astrólogo famoso na índia chamado Kabyadi Jayarama Acharya. Segundo ele, o Snana não tem nada a ver com distinção de castas.

- "Os brâmanes que comem lá são considerados os representantes do próprio Subramanya, e sua saliva é a do Senhor. Quando eu tinha 16 anos, eu rolei no alimento e minha doença de pele foi curada para sempre. De acordo com a lenda, Samba, o filho de Krishna foi curado da lepra depois de rolar sobre as sobras, como indicado no Skanda Purana (um texto antigo). Todas as castas rolam em comida e acreditam que seus problemas serão resolvidos. É uma solução psico-terapêutica, que também tem as suas raízes no Ayurveda. Não deve ser banido sem alguma base científica", disse ele.


Ativistas, no entanto, são rápidos em descartar esta teoria que associa o Snana ao Ayurveda, lhe dando uma falasa conotação científica. Rolar em resto de comida não é nada mais que uma afronta à dignidade da vida humana. Enquanto isso continua o debate sobre a necessidade de um ritual escabroso como esse. A única maneira de que seja banido de uma vez por todas é que as pessoas que o praticam sejam convencidas que o ritual não resolve problemas e nem cura doenças para além do efeito placebo. Mas para matar esta fé é preciso esclarecimento e cultura, de forma que essa gente deve continuar rolando no resto de comida dos outros por muito tempo.




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